Porto, em Portugal – um pedaço da história da origem da minha família…

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“1853. Sahy da Cidade do Porto no dia 25 de maio i cheguei ao Rio de Janeiro a 25 de junho do dito anno as nove horas da noite i fui para Itaverava em fins de julho travalhei 18 mezes i depois fiquei mais um anno na fazenda da Voa Vista, propriedade do Sr. Dr. Joaquim Antão Fernandes Lião. Sahy da fazenda em fevereiro de 1861 i fui para o Rio.”

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Essa é a história do bisavô do meu pai. O “Velho Português”, que aos 14 anos, há mais de um século e meio, partiu sozinho do Cais do Porto rumo a um desconhecido Brasil. Uma carta escrita pelo próprio em outubro de 1921 é o único documento que temos dele. A versão que tenho está datilografada, então imagino que um pouco mais à frente alguém tenha “passado a limpo”, mas mantendo a grafia da época: sahy… travalhei… quero adotar essas palavras pra vida, posso?

Não o conheci, claro. Nem meu pai o conheceu. Minha avó acho que sim, mas ela já não está mais aqui, nem nenhum de seus irmãos. História que nunca saberemos em detalhes. A não ser pela carta, que conta os lugares por onde ele passou depois da chegada ao Rio de Janeiro… Ficou rico, ficou pobre, foi a Santos, a Minas Gerais, onde sabe-se lá como nem porquê, chegou à região da Saúde e ao povoado de Pintores. Aí sim os locais já começam a me soar mais familiares.

Contei tudo isso só mesmo como um pano de fundo para falar sobre minha viagem ao Porto. Ao contrário do que muita gente pensa, não foi uma viagem de descobertas familiares, até porque seria impossível tentar encontrar algum lugar ou alguma pessoa sem ter nenhuma referência. Mas saber de tudo isso fez muita diferença!

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Viagem a Portugal

Sempre tive uma vontade grande de visitar Portugal – não sei se tem a ver com o fato de ser descendente de portugueses, alguma coisa genética, ou só mesmo com minha vontade de ir ao máximo possível de lugares desse mundo.

E então eu fui. Outubro de 2016. Cheguei ao Porto não pelo rio ou pelo mar, mas sim de trem, a partir de Lisboa, em uma viagem que dura cerca de três horas. Cheguei no sábado de manhã e fui embora na segunda antes mesmo do amanhecer. Tive apenas um fim de semana nesta que agora já me sinto até com vontade (e à vontade) de chamar de “cidade de origem da minha família”. 😉

Fiquei hospedada bem às margens do Rio D’Ouro (a vista da janela do quarto era linda!), a alguns passos do Cais da Ribeira, que foi por onde comecei os meus passeios. A primeira parada foi para o almoço: bacalhau com batatas e uma taça de vinho do Porto, não podia ser outro! Clássico dos clássicos!

Depois segui andando pelo cais, observando suas casinhas coloridas, algumas com roupas penduradas do lado de fora nos varais ou flores nas sacadas, tão parecidas e ao mesmo tempo tão diferentes… Era sábado e os bares do Cais da Ribeira estavam todos lotados. Muitas pessoas também sentadas às margens do rio, senti um clima ótimo e ali fiquei por um tempo, observando a vida, me familiarizando com o estilo da cidade e achando tudo lindo. Impossível não ficar encantada! Um encontro com lembranças de coisas que eu nem tinha vivido, mas que ali se transformavam em experiências concretas e inesquecíveis.

De lá atravessei a Ponte D. Luis I, toda em estrutura metálica. Ela foi projetada pelo engenheiro Teófilo Seyrig, discípulo de Eiffel (sim, o da Torre de Paris). São quase 400 metros de comprimento e o arco é considerado o maior do mundo em ferro forjado, segundo o site Visit Porto.

Há como atravessá-la de bonde ou trem, mas, mesmo sendo medrosa, resolvi encarar a travessia a pé, como a maioria das pessoas faz. Fui pela parte de baixo mesmo, mas, na volta, bateu o espírito de superação e atravessei pela parte de cima. Todo mundo vai numa boa, com parada para fazer pose para fotos, é bem tranquilo e divertido, não há perigo. Afinal, são 8 metros de largura!

Do outro lado da ponte já é um novo município, Vila Nova de Gaia. Lá ficam as principais vinícolas, que podem ser visitadas (com degustação), e também alguns mirantes/miradouros para uma vista panorâmica do Porto. A cada novo ângulo eu achava tudo ainda mais bonito.

Depois de atravessar de volta a ponte, continuei o passeio pelo Centro Histórico do Porto, que é tombado pela Unesco como Patrimônio Cultural da Humanidade desde 1996. Mais que o paisagismo e a arquitetura que encantam, misturando os estilos medieval e barroco, é, também, uma região que une arte e cultura, dois pontos fortes na cidade. Há museus, lojinhas tradicionais e outras modernas de marcas luxuosas, restaurantes variados, apresentações de rua, casas simples ou com fachadas imponentes…

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O mais legal na cidade é andar, observar como tudo isso convive de forma harmoniosa, ver os bondes passando, por alguns minutos fazer uma verdadeira viagem no tempo – e que momento não foi assim? A cada passo eu me pegava pensando no “Velho Português”. Onde ele morava? Como era a vida dele? Teria brincado muito por aqueles lugares por onde agora eu andava? Era feliz? O que fez com que um menino tão novo resolvesse arriscar tudo embarcando sozinho para um outro continente? Valeu a pena? A imensidão do rio, que um pouco mais à frente encontra o mar, me remetia o tempo todo a essa história. À minha história!

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