Viajar sozinha sim! 10 mulheres contam experiências para te inspirar

Muita gente me pergunta sobre viajar sozinha. Já vivi essa experiência algumas vezes, no Brasil e no exterior, e sempre achei relativamente tranquilo, talvez por já morar sozinha há muito tempo, por estar em uma cidade/estado onde não tenho nenhum familiar por perto, me virar sozinha (e longe da minha “zona de conforto”) é algo totalmente natural no meu dia a dia – e isso inclui às vezes ir à praia, a uma exposição, ao cinema… e viajar!

Mas sei que para muitas mulheres ainda é uma decisão difícil de ser tomada e que rolam certas neuras. Afinal, nós vivemos em uma sociedade machista, onde uma mulher fazer qualquer coisa sozinha ainda é visto como um certo tabu – somos pouco (ou nada) incentivadas a isso, muito pelo contrário. Mas, apesar disso, vejo que o medo de viajar sozinha não é por causa de assalto, assédio, coisas que infelizmente a gente já tem medo em nossas próprias cidades (e tudo é, realmente, mais perigoso para mulheres) – mas um medo diferente, talvez de não curtir, de sentir realmente a solidão, de não conseguir aproveitar, de ficar triste…

Eu entendo e acho que é natural se sentir assim. Também já passei por isso, já refleti muito, já me questionei mil vezes, já até parei para ouvir a opinião dos outros (dica: não façam isso). Mas resolvi encarar. Nesse post, escrito com a colaboração de amigas e blogueiras, compartilhamos algumas experiências. Quem sabe não te inspiramos a tentar também?

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Minha primeira viagem sozinha

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Me, ‘my selfie’ and I =)

Começo com a minha própria história. A primeira vez que resolvi viajar sozinha foi para Cuba! Sempre tive vontade de conhecer o país, mas, como há muitos outros destinos turísticos nesse mundo, fui deixando. E também porque eu não conhecia ninguém que quisesse ir para Cuba e nem pensava em ir sozinha. Até que num determinado momento da minha vida eu não estava nada legal, precisava fazer algo diferente, dar um giro mesmo, me redescobrir, e a ideia voltou à minha mente. Era agora ou nunca. Não vou me estender no relato da viagem, até porque já tenho vários posts sobre isso (links abaixo). Foi uma experiência incrível! E por experiência incrível entenda-se que não foi tudo maravilhoso 100% do tempo. Mas é um aprendizado que ninguém tira. Fora que Cuba não tinha nem internet, ou seja, nem pra estar com amigos ali virtualmente próximos dividindo meus momentos, minhas fotos – isso é algo que faz falta e as redes sociais ajudam muito a amenizar. Em compensação, tinha passeios variados, tanto mais urbanos e culturais, quanto praia (com essa água cristalina que até parece piscina!), que ocupavam bastante meu tempo. Depois de Cuba já fiz várias outras viagens e sempre muito boas, porque cada vez me sinto mais à vontade dentro do contexto “mulher que viaja sozinha“. E adoro a liberdade de poder fazer do meu jeito, no meu tempo! Mas  não sou daquelas que acham que toda mulher tem que viajar sozinha pelo menos uma vez. Ninguém “tem que” nada e cada um com sua vida e suas escolhas. Eu só acho que ao querer fazer algo – viajar, no caso – e deixar de fazer, deixar de tentar algo que você sonha, porque não tem uma companhia naquele momento, você só tem a perder. Veja alguns depoimentos inspiradores.


Histórias de mulheres que viajam sozinhas

Camila

Camila: “Espero que mais gente consiga perder os medos e conhecer o mundo.”

“Minha primeira viagem internacional foi sozinha e é claro que rolou um medo… Mas isso foi superado logo na primeira cidade! Em Lima, no Peru, já descobri que viajando sozinha eu faria amizades mais facilmente, teria a liberdade que eu queria e poderia seguir meu ritmo de viagem, acabei viciando e em 90% das viagens que faço é assim, ‘sozinha’ – mas cheia de amigos por onde passava. Mas não dá pra negar… Já tive que inventar namorado, já tive que fingir que não escutava algumas coisas que me machucaram bastante, já senti medo! E quem não sente medo em situações diferentes? Mas isso não é suficiente pra me fazer parar! Vou continuar viajando sozinha sim e espero que mais gente consiga perder esses medos e conhecer o mundo sem desculpas!” – Camila Lisbôa, do blog O Melhor Mês do Ano

Rafaela

Rafaela: “O mundo é mais tranquilo e amigável do que a maioria pensa”.

“Prefiro viajar sozinha. Há anos viajo assim e quero seguir viajando assim. A sensação de independência e liberdade é inigualável. (Inclusive, quando fui com uma amiga pra Argentina e pro Uruguai, teve um dia que pedi para nos separarmos para que eu pudesse ter momentos a sós em Buenos Aires). A relação que se cria com o local e com os locais não acontece se você viaja com mais pessoas. Vai ter muita gente que vai te assustar e desestimular, mas não dá pra dar ouvidos. O mundo é muito mais tranquilo e amigável do que a maioria pensa. Já fui pra Inglaterra, Alemanha, Espanha, pros Estados Unidos, pra Turquia, pra Colômbia e pro Uruguai sozinha e cada guardo cada momento em que passei “by myself” com muito carinho na memória. O único contra é que algumas coisas podem ficar mais caras, como em restaurantes, em que não dá pra dividir prato, passeios que às vezes ficam mais baratos em mais pessoas, hotéis em que o quarto pode ser compartilhado… Mas como quase nunca como em restaurante, faço passeio ou fico em hotel, nem isso é problema pra mim. Já escrevi um post sobre a atitude de um cara na Turquia que reafirmou minha preferência por “Solo travel”. Acreditem, as pessoas são boas e querem ajudar.” – Rafaela Ely, do blog Me leva embora

Débora

Débora: “É uma experiência única”.

“Minha primeira experiência sozinha foi durante uma viagem de avião. Meu namorado estava fazendo intercâmbio na Alemanha e eu fui visitá-lo. O problema foi que a passagem que encontrei com um preço bom fazia escala na Etiópia e o voo tinha 26 horas de duração. Fiquei apreensiva por estar sozinha, mas encarei o medo e fui mesmo assim. Foi um pouco chato e tedioso ficar tanto tempo sozinha, sem ninguém para conversar, mas deu tudo certo e a viagem foi bem tranquila. Depois disso, voltei para a Europa para fazer intercâmbio e mochilar um pouco com meu namorado. Tínhamos viagem marcada para Londres, mas ele conseguiu um estágio pouco tempo antes da viagem  e não pode ir comigo. Fiquei muito tempo tentando decidir se ia sozinha ou se desistia da viagem, mas acabei indo e foi a melhor decisão. Confesso que sinto falta de ter alguém com quem conversar e compartilhar os momentos legais da viagem, mas viajar sozinha é uma experiência única e completamente diferente de qualquer outra coisa. Eu já havia ido para Londres antes, mas nessa viagem eu vi a cidade de um jeito completamente diferente do que havia visto antes, de um jeito totalmente particular. A melhor parte desse tipo de viagem é ter total liberdade para escolher o que fazer, quando e como… Já escrevi um post no meu blog sobre isso. ” – Débora Resende, do blog Foco no Mundo

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Flávia

Flávia: “Recomendo viajar sozinha para se descobrir”.

“Viajei sozinha para Búzios (Rio de Janeiro) e me apaixonei! Eu nunca havia viajado sozinha, pois conheci meu ex-marido muito nova e logo nos tornamos companheiros de viagens. Até que nos separamos, todo o processo de separação é extremamente doloroso, e viajar sozinha foi uma das curas no caminho. Sempre fui independente em vários sentidos e ganhei mais um viajando sozinha. Percebi que estar comigo mesma é maravilhoso e que posso curtir muito a vida sem precisar de amigos, namorado, mãe, etc… Mas não significa que sempre irei fazer isso! As pessoas confundem, mas é mais uma opção… Posso viajar com amigos, namorados e família, mas TAMBÉM sozinha. As pessoas estranham, acham bizarro e isso é projeção, pois quanto mais carente a pessoa for mais ela irá projetar o seu medo e incapacidade em quem faz. Recomendo viajar sozinha para se descobrir, se ver, e fazer o que quiser sem preocupar. Tirei fotos, fiz mil passeios, fui para a praia e até fiz amizades. Eu me senti realizada e verdadeiramente plena.” – Flávia Santos, de Brasília

Bruna

Bruna: “Não faz sentido deixar de viajar por falta de companhia”.

“O motivo principal que me fez viajar sozinha pela primeira vez foi a dificuldade em acertar datas e interesses com outros amigos. Apesar de ir pra um lugar bem mainstream (ou único e incrível, na minha opinião), ainda assim foi difícil. Depois decidi fazer uma coisa que queria desde adolescente: estudar inglês nos Estados Unidos! Escolhi Nova York porque era a cidade que eu sempre quis conhecer, pelas referências na faculdade de design (minha formação) e nos seriados que assistia! A minha ansiedade em conhecer esse lugar deixou pra trás qualquer dúvida sobre ter que me virar sozinha. Na verdade eu estava bastante ansiosa em entrar no avião e ficar um mês sem depender de ninguém para nada. Escolhi ficar em um apartamento com outras pessoas (uma brasileira e dois americanos) para ter ainda mais a sensação de morar na cidade. Não era um bairro próximo às principais atrações e nem ao meu curso, mas era residencial e charmosíssimo, o que me fez sentir mais acolhida ainda! Apesar de na minha cidade eu odiar fazer coisas sozinha, lá eu não tinha outra opção e acabei me acostumando! No final foi ótimo! A liberdade de fazer o que quiser, a hora que quiser e não depender nem esperar (coisas que odeio) ninguém pra isso é maravilhosa. Mas, em algumas atrações, fui com os amigos que fiz lá, o que também foi muito bom! A facilidade que um smartphone com internet trouxe para eu me virar lá sozinha também diminuiu a distância da família e amigos. Todos os dias eu falava com eles e, às vezes, mostrava alguma coisa que estava vendo na hora, na rua mesmo. A experiência no final foi simplesmente fantástica! Foram alguns dos melhores dias da minha vida e só tenho saudades de lá! Por mais que seja legal você dividir aquele momento com alguém, não faz sentido deixar de viajar por falta de companhia! Você vai fazer as coisas da sua maneira e, no final, acaba conhecendo outras pessoas que estão na mesma sintonia que você!” – Bruna Moreira, do Rio de Janeiro

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Maria Marianna: “Me vi parte daquela paisagem. E valeu a pena.”

“Fazer um intercâmbio sempre foi o meu maior sonho da vida. Quando eu finalmente tive a oportunidade de ir, minhas amigas já tinham outras prioridades. Então decidi ir sozinha para o Canadá durante as férias da faculdade. Quando percebi, estava em outro país, falando um idioma completamente diferente do meu, sem conhecidos por perto. Estava me virando para conhecer a British Columbia através de ônibus, seabus, skytrain e caminhadas que levavam horas. Em alguns momentos (muitos momentos, na verdade) eu realmente me sentia só – como nas infinitas horas de voo, nas refeições, nos parques mais distantes onde a cobertura telefônica não chega com tanta precisão… Entretanto, ir sozinha me possibilitou uma experiência que eu com certeza não chegaria a ter, mesmo se a pessoa com os olhos mais sensíveis da humanidade me acompanhasse. E só percebi que tinha alcançado o conhecimento da cidade e o (re)conhecimento de quem eu sou quando me vi parte daquela paisagem. E valeu a pena.” – Maria Marianna Fernandes, de Niterói (RJ)

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Tatiana:

Tatiana: “Foi fundamental para meu crescimento pessoal.”

“Já escrevi no blog as minhas dicas sobre esse tema, pois sempre viajei muito sozinha… A primeira vez foi um intercâmbio para a Nova Zelândia. Foram 3 meses por lá e eu não poderia ter mais novidades em uma única viagem: Primeira viagem sozinha, primeira viagem para o exterior, primeira viagem falando outra língua, puxa, eu estava de parabéns 😉 Fiquei bem insegura nos primeiros dias, mas, aos poucos, fui ganhando confiança e me sentindo melhor. Rapidamente fiz amigos, mas me permiti ter muito espaço para ficar só, comigo mesma, e isso foi fundamental para meu crescimento pessoal. Mesmo sendo tão pouco tempo, voltei mais madura, mais confiante e com a certeza de que havia sido apenas o início, o mundo era meu!” – Tatiana Batista, do blog Viajanderia

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Angela: “É uma sensação muito boa e viciante. Muda tudo!”

“A minha primeira viagem sozinha foi para a Alemanha em 2011. Esperei anos pra fazer essa viagem, tive que terminar a faculdade, pois meus pais não queriam que fizesse intercâmbio “para não atrapalhar os estudos” (e também porque tinham medo que eu não voltasse heahueaheuah). Não foi difícil convencê-los de que eu estava pronta para viajar sozinha, pois já tinha morado 4 anos em Curitiba sozinha e acreditavam em mim. Fiz curso de alemão e estagiei em 2 empresas diferentes durante 3 meses e aprendi muito: a acreditar em mim mesma e nos meus instintos, ver que as coisas são possíveis se você se esforçar, que existem mais pessoas boas que ruins, a me planejar sozinha, me conhecer durante a viagem e até decifrar os comandos alemães nos softwares (a parte mais complicada de toda a viagem!). É uma sensação muito boa e viciante, por isso sempre incentivo as pessoas a viajarem sozinhas pois muda tuuudo! O difícil é aguentar as perguntas de ‘seu namorado deixa?’ e ‘viajar sozinha é perigoso’… Até fiz um video com as situações mais engraçadas e bizarras!” – Angela SantAnna, do blog Apure Guria

Rachel:

Rachel: “Era uma vontade minha que ninguém viajasse comigo!”

“Infelizmente só viajei duas vezes sozinha: Barcelona em 2009 e Roma em 2012. De ambas saí de Praga, onde cheguei a morar por um período. Lembro que quando eu estava planejando e organizando essas viagens meus pais, que viviam no Brasil, me acharam completamente insana e ficaram extremamente preocupados. Eles me perguntavam coisas do tipo “Não tem ninguém para ir com você?”, “Minha filha, por que fazer essa maluquice?” E não foram os únicos. Também tiveram amigos incomodados que diziam: “Oh amiga, se eu pudesse eu iria com você”, “Espera um pouco que quando eu tirar férias eu vou contigo.” Entendo a preocupação e solidariedade de todos, mas eles já foram me taxando de maluca e de coitada sem antes entenderem que essa era uma coisa que eu queria fazer. Era uma vontade minha que ninguém viajasse comigo! Pois bem, fiz as viagens na minha companhia e aproveitei demais as duas, foram incríveis! Tenho um texto no meu blog sobre ser mulher e viajar sozinha, e acho que quando a gente viaja assim tem a total liberdade de fazer o que bem nos der na telha: mudar o roteiro ou seguir exatamente conforme a nossa vontade, sair para passear e voltar na hora que a gente quiser, fazer amizades… Um série de coisas que não faríamos se estivéssemos na companhia de outra pessoa. O mais importante é que dentro de tudo isso está o nosso autoconhecimento, afinal acontecem perrengues, situações diversas nas quais temos que nos virar sozinhas e que muitas vezes imaginamos que não conseguiríamos enfrentar, mas a gente enfrenta e sente muito orgulho de nós mesmas!” – Rachel Duarte, do blog Janela para o Mundo

Minhas dicas para viajar sozinha

Meu mantra da vida!

Meu mantra da vida!

Apesar da minha primeira viagem sozinha ter sido de uma semana, fora do Brasil e totalmente desconectada, a dica que costumo dar para quem quer viver essa experiência, mas ainda não está totalmente segura, é começar por destinos próximos e períodos curtos. Um fim de semana, por exemplo, em uma cidade vizinha. Porque se no primeiro dia você achar horrível, no segundo já vai embora, então não tem erro. Ou fazer passeios na própria cidade mesmo, por que não? Um cinema, uma peça de teatro, um almoço em um restaurante… Depois tente um feriado prolongado, um outro estado e por aí vai…

O mais importante é se abrir para o novo. Porque não adianta ir para outro lugar e permanecer fechada em você mesma. Converse, conheça outras pessoas. Nem estou falando de fazer amizades, sair, sei que isso não é simples para muita gente. Mas de manter o olhar voltado para fora, para o que está se apresentando ali para você naquele momento. E, a partir disso, muita coisa boa pode acontecer. Você pode não gostar, é claro. Mas, se a vontade existe, se dê uma chance! =)

E você, já viajou sozinha? Tem vontade? Deixe um comentário contando sua história!

Para ler ouvindo:

Crédito da imagem inicial: Designed by Freepik
Demais fotos: Arquivos Pessoais

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