Tour delicioso em Lisboa: história da cidade + comidas típicas portuguesas

Quer jeito melhor de conhecer uma cidade do que experimentando a comida local? O que se come diz muito sobre a cultura de um povo e de um país. E quando se trata de Portugal, isso é mais forte ainda! Afinal, as comidas típicas portuguesas dão água na boca só de pensar!

Um exemplo são os doces de Portugal, como pastéis de nata e outros tantos com recheios feitos com gemas e açúcar. Você sabe o motivo? É que, no passado, as freiras, nos conventos, usavam claras para engomar seus ‘chapéus’, e as gemas acabavam sobrando. Com a descoberta do Brasil e o cultivo da cana por aqui, muito açúcar começou a ser enviado ao país de nossos colonos. E aí resolveram juntar esse açúcar em excesso com as gemas que sobravam… e o resultado foram os doces maravilhosos que até hoje são uma tradição lusitana.

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Essa foi apenas uma das histórias que aprendi durante o “Taste”, passeio guiado para conhecer mais das comidas portuguesas que fiz com o More Lisbon Walking Tours – que, como o próprio nome diz, faz tours a pé pela cidade.

Comidas portuguesas no tour “Taste”

O ponto de partida é o Arco da Rua Augusta, na Praça do Comércio (mapinha no fim do post). O preço por pessoa é de 39 euros, com as degustações já incluídas. O mínimo são duas pessoas e o máximo são 12. E o tour pode ser feito tanto em português (de Portugal, logicamente, mas eu achei bem tranquilo de entender – e, qualquer dúvida, é só pedir para repetir mais devagar), como também em inglês.

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São aproximadamente 4 horas percorrendo alguns lugares nos bairros da Baixa, Chiado e Bairro Alto, e conhecendo as delícias locais e suas histórias. Bolinho de bacalhau, queijos, marmelada, licor, cerveja, carne, pão, azeite e vinho são algumas delas. Preciso dizer que amei?

Meu guia foi o Paulo, que é o dono do More Lisbon. Além de todo o conhecimento sobre Lisboa e Portugal, ele sabe muito sobre diversos assuntos do Brasil, então, além dos temas do tour (muita história e cultura), também conversamos muito sobre política, novelas, futebol e comidas, claro. Tudo isso enquanto degustávamos as delícias da cidade. Dá só uma olhada no que provei durante esse passeio:

Comidas de Lisboa

Ginginha

tour-taste-portugal-ginginha1Começamos com a ginginha ou ginjinha. A bebida é um licor de ginja, fruta que é tipo uma cereja e é muito comum em Portugal. Ela é servida em um copinho de chocolate que você come depois de tomar o licor. Essa parada foi bem na Praça do Comércio, no quiosque “Ginginha do Carmo”.

São duas doses. A primeira você toma e não come o copinho. Aí depois da segunda, pode comer. E não é de virar tipo shot (eu quase virei, ainda bem que perguntei antes). É de ir tomando degustando, porque afinal é um licor.

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Logo em frente fica o “Café e Restaurante Martinho da Arcada”, que era muito frequentado por Fernando Pessoa. A história que contam é que ele estava lá quando se sentiu mal, foi hospitalizado e faleceu. Não voltou mais, mas sua mesa segue arrumada para ele.

É uma mesa onde nenhum dos clientes pode se sentar, esteja o lugar cheio ou não. Sobre ela estão uma xícara de café, um copo d’água, uma foto do poeta quando jovem e alguns livros. Logo acima, na parede, um quadro com uma foto dele no local e seu inseparável chapéu.

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Pastel de Nata

Próxima parada: “Fábrica de Pastéis de Nata”. Lá eu descobri que o pastel se come com açúcar e canela por cima – no dia anterior tinha comido sem e então percebi que os dois condimentos fazem toda a diferença no sabor.

Foi lá, também, que soube da história que contei lá em cima, sobre o uso de gemas e açúcar na fabricação do doce – desse e de outros que, como vocês podem ver por essa foto da vitrine, são maravilhosos (provei alguns depois).

tour-taste-portugal-fabrica-pasteis-de-nataLá eu soube, ainda, da diferença entre o pastel de nata e o de Belém. Ou melhor, a diferença em si ninguém sabe. Mas soube pelo menos o porquê. É que as receitas em Portugal são muito tradicionais, de família, de anos e anos, não é algo compartilhado para “qualquer um” fazer.

O pastel de Belém já existia – fabricado em Belém, hoje uma região de Lisboa. Quando outras pessoas quiseram fazer a iguaria, não sabiam qual era a receita exata. Pelo sabor e consistência dava para saber mais ou menos os ingredientes e, embora o resultado seja parecido, não podem chamar de pastel DE Belém, porque não é. Então ficou sendo pastel de nata.

Para acompanhar, um cafezinho. Eu, como não tomo café, fui de água.

Até cabeça de bacalhau eu conheci nesse tour. Por isso agora posso não só afirmar que ela existe, sim!, mas também posso mostrá-la. Na foto parece meio estranha (e é), mas é porque ela já está aberta ao meio… Ah, lá eles chamam de cara de bacalhau, não de cabeça.

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Marmelada

Uma combinação típica de Lisboa é a marmelada com queijo – muito parecida com o nosso “Romeu e Julieta”, a goiabada com queijo. Há quem estranhe um pouco essa combinação, mas eu, que sou mineira, adorei.

A dica é comer tomando vinho: dá uma mordida na marmelada com queijo e já toma um gole, fazendo uma mistura de sabores maravilhosa na boca. Foi na “Manteigaria Silva”.

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E pé de azeitona, quem já viu? Eu vi! No caminho entre uma comidinha e outra, nos deparamos com uma Oliveira bem no meio de uma praça.

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Castanhas

Na Europa, quando o frio chega, começam a aparecer as castanhas assadas nas ruas. Em várias esquinas vendedores ficam com seus carrinhos. A fumaça e o cheiro são um sinal ou um “aviso” de que o Natal está chegando.

Eu nunca tinha comido castanha assada, mas gostei tanto que nos outros dias comprei para comer novamente.

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Chá

Na Praça Luís de Camões paramos no “Quiosque do Refresco” para tomar não um refresco, mas um chá, bebida muito tradicional no país. E não é uma xícara, como a gente toma. É um copo maior.

Em várias praças da cidade há alguns quiosques, que são antigos, foram restaurados e “foram devolvidos” às praças, voltando a funcionar, mas vendendo apenas o que se vendia antigamente. O chá quentinho foi ótimo para aquecer a noite fria e para acompanhar as castanhas.

Cerveja

E assim, com um copo de chá em uma mão e umas castanhas na outra, seguimos para o Bairro Alto, que é o bairro boêmio da cidade. Lá tem um mirante lindo, de onde se vê a cidade toda iluminada, com o Castelo de São Jorge ao fundo. Pena que a câmera não colabora nas fotos noturnas. Vou ficar devendo essa imagem. E se o bairro é de boemia, tem que ter  cerveja.

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Fomos na “Cervejaria Trindade”, que é a mais antiga de Portugal e funciona no local onde era um convento, uma construção enorme e incrível – como tantas em Lisboa. E os funcionários trabalham vestidos com roupas de frades. Como tira-gosto, esse negocinho aí da foto que já esqueci o nome (sorry). É tipo um grão de bico, cozido em muito sal, aí com um “estalar de dedos” a gente tira a casquinha e come.

Bolinho de bacalhau

O bolinho de bacalhau não podia faltar! Opa, peraí! Não é bolinho, é pastel de bacalhau. Ou melhor, é bolinho sim – na linguagem brasileira – mas em Portugal se chama pastel. Lá não existe o “nosso” pastel, aquele frito ou assado, pastel é isso (ou o pastel de nata, por exemplo). Entenderam?

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Independende do nome, dá pra imaginar que, em se tratando de bacalhau, os portugueses dão show, né? Não sei se o preparo é diferente, só sei que nunca comi nada igual.

Só que aí cometi uma gafe! Porque além do bacalhau, outra iguaria forte no país é o azeite. E aqui no Brasil a gente sempre coloca azeite no bolinho, então logo pedi pra colocar também e qual não foi minha surpresa ao saber que não se coloca azeite no pastel de bacalhau. Na pizza então, nem pensar. #ficaadica “Mas vocês comem azeite com que então?” A resposta veio na próxima – e última – parada do tour.



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Azeite

tour-taste-portugal-casa-do-alentejo-comidasUma vasilhinha com azeite e um cestinho com pão. Pegue o pão e molhe no azeite. É assim que os portugueses consomem azeite. No pedido completo havia pão, azeite, queijo, carne de porco preto e vinho, claro!

Mas o destaque aqui, mais que as comidas (já estou repetitiva, né? – eram maravilhosas), é o lugar: a “Casa do Alentejo”.

Por fora, parece um lugar simples, mais um prédio qualquer com fachada branca, portinha pequena e um letreiro indicando o nome. Eu passaria batido…

Mas, por dentro, é um verdadeiro palácio. Em Portugal eles valorizam essa cultura da discrição e não da ostentação.

Construído possivelmente no final do século 17, com elementos da arquitetura árabe, a “Casa do Alentejo” já passou por algumas transformações ao longo do tempo. Hoje, além da gastronomia, o espaço abriga eventos como exposições, fotografia, literatura, entre outros.

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Dicas para fazer o tour de comidas portuguesas

Dica 1: vá com fome. =) Dica 2: vá aberto a conhecer novidades, sem frescuras. Dica 3: vá com um sapato confortável, preferencialmente tênis, pois anda-se muito (adoro) e há muitas ladeiras. No mais, divirta-se! E bom apetite!

Antes de viajar para o exterior faça um seguro!
      

Serviço:

More Lisbon Walking Tours
Email: info@morelisbon.com
Telefone/Whatsapp: (+351) 915 518 628
Mais informações no site e no Instagram
Ponto de partida: Arco da Rua Augusta

* Agradeço ao More Lisbon pelo passeio, mas deixo claro que este texto reflete somente minha opinião pessoal, mantendo meu compromisso de transparência com os leitores.

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