Por que eu me arrependo de ter ido ao Zoo de Lujan na Argentina

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Dizem que é melhor a gente se arrepender das coisas que fez do que das que não fez. E eu concordo. Acho que toda experiência é válida e, em se tratando de viagens, até os programas não tão bons tendem a ser bons – ou, pelo menos, rendem boas histórias depois. Só que às vezes a gente vai pela fama do local, ou porque todo mundo falou que tem que ir, ou até por achar que seria legal mesmo… Mas depois, pensando com calma, em alguns casos até por amadurecimento e mudanças de pontos de vista, a gente começa a pensar que não valeu tanto a pena assim. É o caso do Zoo de Lujan.

Fui a Buenos Aires e, como sempre quando viajo, estava muito empolgada, a fim de conhecer tudo por lá. E não houve uma pesquisa sequer sobre o que fazer que não tivesse na lista esse zoológico, sempre cheio de fotos incríveis de turistas abraçando tigres ou sorrindo dentro da jaula com leões.

Não gosto de zoológicos de um modo geral. Mas Lujan parecia diferente, poder interagir com os animais, era o tipo de programa must go e eu é que não ia ficar de fora. Algumas pessoas falavam que os animais eram dopados, outras diziam que não, que eram apenas adestrados. Não sei se foi inocência… Fato é que preferi achar que estava tudo bem e que seria legal. Pesquisei e, junto com minha prima Isabela e meu amigo Patrick, encarei a aventura.

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Na época eu não tinha blog, não anotei nada, então contei com a ajuda da Isabela e do Patrick para o relato que escrevo neste post. Ela lembrou, por exemplo, que o funcionário tinha pelos de animais nos dentes. NOS DENTES!!!! Como eu me esqueci de uma coisa dessas? Devo ter ficado tão chocada que eliminei da mente. Memória seletiva. Mas vamos ao passeio…

Minha experiência no Zoo de Lujan

Até hoje nem sei se Lujan é uma cidade que fica na região metropolitana de Buenos Aires ou se é um bairro. Sei que o Zoo fica na estrada, fora da zona urbana. Lembro que pegamos um ônibus e avisamos ao motorista onde iríamos descer. Não lembro quanto tempo foi esse deslocamento, mas era um pouco demorado e cansativo. O ônibus é bem velho e foi ficando muito lotado, com muita gente em pé (inclusive nós, que nos levantamos para ceder lugar), algumas pessoas estavam até levando galinhas vivas!!!

Bom, aí chegamos e, de cara, já achei estranho porque imaginei que seria um lugar bonito, bem cuidado, pelo menos com uma entrada arrumada. Mas não tinha nada disso. Só uma pequena placa. O ingresso, cujo preço também não lembro, era apenas um papelzinho normal, que daria direito a uma volta no dromedálio ao fim do passeio.

Do lado de dentro, o mau cheiro era horrível. Não era só um lugar simples, porque isso é absolutamente ok. Era mal cuidado mesmo e isso era muito visível. Inclusive os animais pareciam sujos. Mas tudo bem, deixei passar como se fosse apenas um detalhe. Estávamos ainda na empolgação de tirar fotos ao lado dos bichos.

Isabela logo correu para dar um abraço no camelo. Eu olhei a cena e pensei apenas: “jamais”. Gente, como assim que eu ia abraçar um camelo? Babando? Mas não ia mesmo! Depois fui me ambientando melhor e, aos poucos, vencendo o medo.

Fotos com animais

O primeiro que tive coragem de chegar perto foi o filhotinho de leão. E não vou negar que achei fofoooo toda vida, amei! Me chamou a atenção o fato de que ele não estava com os pais, mas sim com dois cachorros. Segundo os cuidadores, eram colocados com os cachorros desde que nasciam para que crescessem com hábitos mais domesticáveis e tranquilos. Será?

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Outro detalhe é que os cuidadores sempre davam mamadeiras para todos animais (adultos) quando entrávamos para fotografar. Diziam que era apenas leite, mas suponho que tinha alguma substância para, digamos, “acalmá-los”. Pareciam dopados. Mesmo assim, eu sentia um certo medo ao entrar, porque afinal de contas, são selvagens e não há Rivotril que mude isso. Estavam lentos, não necessariamente mansos.

Tirei foto com o tigre e a leoa. Na jaula do leão a entrada estava proibida, pois, segundo eles, naquele dia ele estava agressivo. Oremos. Tinham ainda animais como o camelo ou os leões marinhos que ficavam presos e só era permitido fotografar por fora. Alguns ficavam misturados em um mesmo espaço, como camelos, ovelhas e patos, entre outros.

Apesar de estar cheio de turistas e até de turmas de crianças de escolas da região, o Zoo não tinha a menor estrutura. Nesse ponto era quase um lugar abandonado. Para alimentação, por exemplo, o local que seria uma lanchonete ou algo do tipo, não tinha praticamente nada. Sorte que nós tínhamos levado lanche na mochila e nos sentamos para comer.

No fim, fui dar a tal volta no dromedário. Eu, que nunca subi nem num cavalo, me tremi inteira, mas achei que estava arrasando! Depois pegamos na estrada o ônibus de volta para a cidade. Naquela altura já estava vendo tudo como diversão.  Postei fotos, tive curtidas e comentários, todo mundo amou ver!

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Mas depois, pensando, lembrando, lendo, evoluindo… que bom que a gente aprende e muda! Hoje acho cruel e triste. Mesmo que me provem que são bem cuidados e tudo mais, fico pensando que o lugar deles não é ali! A menos, é claro, que houvesse um projeto de recuperação. Nesse caso – sugestão do Patrick – poderia ser interessante contar com serviços voluntários de estudantes e profissionais das áreas de veterinária, botânica, nutricionista, comunicação, ter uma lojinha bacana de souvenirs e até mesmo pedir ajuda financeira, presencial e de incentivo, para melhorar as condições do Zoo e dos animais.

Porque, do jeito que vimos, é impossível não ficar com dó dos animais. E até dos cuidadores, que estão ali por trabalho, por sobrevivência, em situações que não são nada legais também (pelos nos dentes, não vamos esquecer). Também não culpo os turistas. Não critico quem vai e se diverte, até porque eu mesma fui e me diverti. Eu entendo, sim, quem curte. É fofo. É diferente. Parece bacana. E assim continua atraindo gente e continua gerando lucro, o que faz com que a ideia de explorar animais como turismo continue existindo.

Então quero deixar um pedido para que reflitam muito antes de irem a esses lugares. E meu relato arrependido por ter feito esse passeio ao Zoo de Lujan.



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