Mangue Seco, na Bahia: um dia na terra de Tieta do Agreste

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“E voltei no curso, revi o meu percurso e me perdi no leste… E minh’alma renasceu com flores de algodão no coração do agreste…” Fazer um bate e volta de Aracaju a Mangue Seco foi muito especial, porque era um lugar que eu tinha muita vontade de conhecer. Era só ouvir esses versos na voz da maravilhosa Fafá de Belém que minha cabeça imediatamente pensava em Mangue Seco, na Bahia. Sim, minha vontade surgiu por causa de uma música.

“Coração do Agreste” foi trilha sonora da novela Tieta, gravada no local – onde se passa originalmente a história do romance de Jorge Amado, que foi adaptado para a telinha. E alguns flashs de memória de infância dentro de mim fizeram com que eu nunca me esquecesse do lenço vermelho voando sobre as dunas ao som deste clássico. Eu precisava ver de perto tudo aquilo! Até que meu momento chegou!

Eu estava com viagem marcada para Aracaju, em Sergipe, de onde dá para fazer um bate e volta a Mangue Seco. Embora em território baiano, fica quase na divisa sergipana. Um passeio e tanto!

É difícil explicar as sensações que as viagens nos despertam. O lugar, essas referências todas, a música que ecoava na minha cabeça a cada passo… Foi, sem dúvidas, uma das mais viagens mais incríveis que já fiz.

Bate e volta de Aracaju a Mangue Seco

Para fazer o bate e volta de Aracaju a Mangue Seco fechei com a Nozes Tour. A cidade está localizada entre o mar e o rio. Então são dois trechos, terrestre e aquático. Não sei se seria possível por conta própria.

Pela agência a van sai pela manhã, pega cada um em seu hotel/pousada, e vai até a ponte do Rio Piauí, que divide Sergipe e Bahia. Esse trecho é bem rápido, acho que uns 40 minutos no máximo.

Lá desembarcamos em um pier e entramos em uma escuna, que faz a travessia do rio. Também é um trajeto rápido, em torno de 30 minutos.

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A escuna se aproximando da cidade e o visual das dunas já me arrepiou! E olha que eu ainda não tinha visto nada!

Chegando a Mangue Seco, a primeira parada é o restaurante e pousada “Fantasias do Agreste”, ponto de apoio do passeio, onde todos são recebidos com um suco gelado de cupuaçu ou goiaba como cortesia e, mais tarde, onde o almoço é servido.

Essa é só uma paradinha rápida para banheiro e para explicar melhor sobre o passeio e os horários de volta. Outra opção é se hospedar em Mangue Seco.



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De lá, seguimos pelo calçadão, que é uma gracinha, com o rio de um lado e casinhas e pousadas do outro, até chegarmos ao estacionamento de onde saem os bugres.

Cada bugre leva até quatro pessoas. Eu estava viajando sozinha, mas fiz amizade com um casal e fomos em três. Há diferentes tipos de passeio, nós escolhemos o que faz cinco paradas. Os valores são tabelados pelo sindicato dos bugueiros, uma forma justa de valorizar esse trabalho, que é uma das principais fontes de renda do local. Mas o pagamento é feito ainda na van e cada agência faz o repasse.

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De bugre pelas dunas de Mangue Seco

Sobre esse passeio, nem sei o que dizer. O bugre subindo e descendo pelas dunas, areia a perder de vista, alguns mirantes onde era possível ver parte da vegetação ou o mar, coqueiros “no meio do nada”, envergando no ritmo do vento… E até uma barraca que vende coco em uma das paradas do bugre. Uma vida simples, um povo simpático e um cenário indescritível.

Ah, sim, e a música da Fafá, ainda que só dentro da minha cabeça. Porque eu amo viagens com trilha sonora!

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Era nas dunas que Tieta pastorava suas cabras. E lá, também, foi o local de uma das cenas mais marcantes da novela, quando a personagem, com o já citado lenço vermelho, celebrava a volta para casa depois de passar muitos anos fora. “Eu voltei pra juntar pedaços de tanta coisa que passei…”

Imagina se não peguei minha canga e sensualizei, né? Porém, para publicar preferi uma assim mais, digamos, comportada. 😀

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O que sei é que nenhuma foto que eu postar nem nada que eu disser vai descrever o passeio pelas dunas de Mangue Seco. Só vendo de perto mesmo e vivendo para saber. Dos lugares mais lindos que já conheci! Vale muito a pena.

Praia de Mangue Seco

Depois de passar pelas dunas o bugre chega à praia e a gente combina com o motorista um horário para nos buscar e levar de volta ao restaurante. A praia é uma delícia. Faixa de areia grande, água na temperatura ideal e ondas relativamente tranquilas.

Na areia, quiosques com mesas/cadeiras e redes, com infraestrutura de restaurante para quem quiser petiscar ou mesmo almoçar. Delícia!

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Como a saída para Aracaju estava prevista para 15h30, marcamos para o bugre nos pegar às 14h na praia. Assim daria tempo de chegar ao restaurante, almoçar – o buffet é livre, com opções de peixes, carnes e saladas – e ainda dar uma volta pelo centrinho, que é bem pequeno, com chão de terra, só algumas casas e lojinhas…

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A cidade, que hoje é conhecida por ser a “terra de Tieta”, tem um ar bucólico e uma sensação de que o tempo não passou. Algumas de suas construções ficaram famosas por terem sido cenários da novela.

Entre elas estão a igreja, o local onde era o bar onde o personagem Bafo de Bode bebia, e algumas casas, a principal é a que era a do pai de Tieta –  a senhora que hoje mora lá montou uma espécie de lojinha na entrada, o “Recanto Dona Sula”, e vende souvenirs, sorvetes e doces. Boa pedida para uma sobremesa enquanto espera o horário de voltar.

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O preço do bate e volta de Aracaju a Mangue Seco era R$ 130,00 em março de 2017 (sujeito a atualizações e alterações). Esse valor incluía a van, a escuna e o almoço (apenas bebidas à parte). O bugre é pago separadamente de acordo com o tipo de passeio escolhido – que fiz foi R$ 120,00 (dividido por três pessoas).



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Para ler ouvindo (claro, né!):

* Agradeço à Nozes Tour pelo passeio, mas deixo claro que este texto reflete somente minha opinião pessoal, mantendo meu compromisso de transparência com os leitores.

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