“Morei um ano em Montreal, no Canadá, estudando na Concordia University. Fui pelo Ciência sem Fronteiras e precisava de uma certa nota no exame de proficiência de inglês TOEFL. Como eu nunca tinha ido pra fora do Brasil, não tinha muita confiança no resultado e, na época, o Canadá era o país que exigia a menor nota. No fim das contas eu fui bem na prova e a nota que eu tirei dava para ter ido pra quase todos os países. Mas de jeito nenhum me arrependo de ter ido pra Montreal.
Eu sempre quis ir para o exterior. Já estava olhando outras formas de estágio, estudo… mas a grana não dava. Quando saiu o resultado do programa foi só alegria. A primeira pessoa que mostrei foi minha irmã, Beatriz, e ela saiu correndo gritando pela casa. Todos ficaram muito orgulhosos, mas meio com medo do que viria, principalmente minha mãe). Acho que só minha namorada na época que não gostou muito, mas sei que ficou orgulhosa também.
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Fui sozinho. Mas não fiquei inseguro. No começo tudo era novo, aquele monte de neve, aquele frio, eu estava mais curtindo do que me preocupando com qualquer coisa. Conhecia um cara lá que estava no mesmo programa e fiquei na casa dele uma semana. Nessa semana conheci um outro brasileiro, Flávio, e alugamos uma casa com mais um brasileiro, Luann, que era mais ou menos conhecido dele e que chegou uns dias depois.
Só nas as matérias da faculdade é que passei umas dificuldades, mais por causa da língua, mas deu pra levar. Eu só falava o basicão mesmo e lá tive aulas, mas o dia a dia é que com certeza contribuiu pra aprimorar. E além do inglês fluente e de ter uma grande universidade internacional no currículo, o que fica de mais marcante são os momentos que vivi e os amigos que fiz lá. Acho que os canadenses são mais frios normalmente, mas são extremamente bem educados e é um país que recebe MUITOS imigrantes, então nunca sofri nada por ser brasileiro.
Mas depois de ficar um ano inteiro sem ver minha família, amigos, namorada… já estava com uma certa vontade de voltar. E no final do ano os -20, -30, -40 °C diários já me incomodavam mais. Mas até hoje ainda dá uma nostalgia e vontade de voltar pra Montreal. Não tenho nenhum plano de me mudar novamente, mas, se alguma boa oportunidade surgir, vou sem pensar muito, não só para o Canadá.
Foi ótima a experiência de ver um país tão grande e tão organizado, onde as coisas funcionam como devem funcionar. Para chegarmos a ser como é lá o que precisamos é ser mais solidários, mais sensatos e principalmente mais educados. As principais diferenças que pude notar dizem respeito à educação e à igualdade social. Quanto à educação já é até clichê falar qualquer coisa. Mas lá, a diferença de salários entre um engenheiro e um professor não é tão exorbitante. Conheci um cara que “limpava privada”, segundo suas próprias palavras, e criava seus filhos junto com sua esposa vivendo bem, em uma casa boa, num bairro bom, com um carro bom. Então, se não pararmos de olhar apenas pro nosso próprio umbigo, esquecendo quem tem problemas e dificuldades maiores (principalmente financeiras), não chegaremos lá tão cedo…”
Fernando Percília, estudante de Engenharia Mecânica, mineiro
Fotos: Arquivo Pessoal
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