“Amigos Viajam” – relato de Leniton Araújo
sobre sua ida a Auschwitz, na Polônia
Os campos de concentração de Auschwitz, na Polônia, são os principais símbolos do Holocausto na Segunda Guerra Mundial. Lá, mais de um milhão de judeus foram presos e exterminados. Hoje o local é aberto à visitação de turistas. Quem fez esse passeio histórico e conta mais sobre a experiência é o Lenilton Araújo. Entre um programa e outro nas suas férias no Leste Europeu, tirou um tempinho para escrever e mandar esse post.
Visita a Auschwitz
“O inglês Peter Burke disse que ‘a função do Historiador é lembrar daquilo que a sociedade quer esquecer.’ Como fonte de documentação histórica, Auschwitz é um excelente exemplo do quanto essa frase é real.
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O jeito mais fácil de se visitar Auschwitz é a partir da cidade de Cracóvia, na Polônia, que fica mais próximo. O tour dura pouco mais de sete horas e a forma mais cômoda é contratando um dos inúmeros touros que são oferecidos pelas agências de turismo, cujos agendamentos podem ser feitos diretamente pela recepção dos hotéis e hostels.
Um que me pareceu bem eficiente é o da empresa Discover Cracow. O tour por essa agência custa 135 szloty (cerca de 25 Euros, a preço de agosto de 2015). No horário marcado, a guia da empresa estava nos esperando na recepção do hostel. De lá fomos para um veículo tipo van, com capacidade para 16 pessoas. Durante o trajeto, que tem cerca de 70 km e dura em torno de 1h30, se recebe as primeiras informações sobre a visita e é exibido um documentário (áudio em inglês, legenda em francês) sobre os Campos de Concentração a serem visitados.
A entrada propriamente dita é gratuita, mas é obrigatório fazer a visita com guia credenciado, por questões de segurança e para evitar danos ao patrimônio histórico. Também há a questão da quantidade de visitantes, que gira em torno de 1 milhão de pessoas/ano.
Todos os tours incluem dois campos de concentração: Auschwitz e Birkenau (Auschwitz II), que estão separados por 3 km. Ambos ficam na zona rural do município de Oświęcim, na Polônia. Toda a visita em Auschwitz é feita em edifícios, com guia que se comunicam com os visitantes por meio de um sistema de comunicação no qual eles falam em um microfone e os visitantes escutam com fones de ouvido. É um lugar em que se sente a tristeza e, em lugares tristes, não há muito barulho.
Os campos fazem parte do Museu e Memorial de Auschwitz (é esse o nome oficial). Em Auschwitz se visita quatro pavilhões dos 22 existentes. Eles estão ordenados sob a forma de uma exposição e mostram a centralidade geográfica do lugar, os processos de chegada e seleção de prisioneiros e pilhas de objetos pessoais que foram recolhidos pelos nazistas, como malas, óculos, próteses médicas, sapatos, entre outros.
Lá podemos conhecer as insalubres condições sanitárias do lugar e o quanto os prisioneiros eram submetidos a extremas condições desvantajosas de sobrevivência, e perceber como os nazistas transformaram o lugar em fonte econômica, onde até os cabelos das prisioneiras eram cortados e transformados industrialmente em um tipo de tapete. Por meio de muitos registros documentais e objetos, também conhecemos as formas como o gás era jogado nas câmaras para a morte dos prisioneiros, e os crematórios.
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Após a visita a Auschwitz, que dura cerca de 90 minutos, volta-se à van e se dirige para Birkenau. É um deslocamento de menos de cinco minutos. Em Birkenau (Auschwitz II) conhecemos mais, em uma caminhada pelo Campo. Enquanto Auschwitz foi montado reaproveitamento instalações de uma fábrica já existente, Birkneau foi construído às pressas para atender à demanda nazista.
O tour lá dura cerca de uma hora e o foco principal éa chegada de prisioneiros de trem, o processo de seleção, as instalações a céu aberto, os crematórios coletivos e os cemitérios onde os corpos eram deixados. Também visitamos os alojamentos dos prisioneiros, ainda em piores condições de salubridade do que os de Auschwitz, nos quais eles se deitavam para dormir em camas de madeira, sem nenhum tipo de colchão, e eram mordidos nos dedos e nas orelhas por ratos. Algo realmente brutal.
No dia em que visitei Auschwitz fazia um tempo bonito. Do lado de fora da cerca de Birkneau o sol iluminava o céu e o vento agitava alegremente as folhas das árvores, que pareciam anunciar que o outono europeu está próximo. Isso me levou a pensar como em um lugar tão lindo se criou um ambiente de tantas trevas. Algo inimaginável e inadmissível. Uma situação na qual homens foram desumanizados, para os dois lados, pelo extremo sofrimento e pela extrema crueldade.
Como disse Primo Levi, que ficou preso durante anos em Auschwitz: ‘É isto um homem?’ Esses eram os homens que compuseram uma parcela da humanidade e que devem ser lembrados tanto na lamentação dos atos como na condenaçãodos atos, para que as outras parcelas da humanidade e todas as sociedades não os esqueçam e para que novos ovos da serpente jamais sejam gestados.”
Antes de viajar para o exterior, faça o seu seguro.
* Por Lenilton Araújo
Fotos: Arquivo Pessoal
Fiquei arrepiado aqui Lenilton! 10!
Sucesso Mari!!! =D
Obrigada! =)
Excelente artigo sobre um local com um passado pesado. Pena nunca ter mencioado que os campos eram alemães, povo que invadiu a Polónia. A libertação dos campos de concentatração alemães nazi foi feita pelas tropas russas – o exército vermelho. Fazer esquecer este pormenor do local, pode ter interpretações diferentes para quem lê, e não conhece a sua história. Grande abraço.