Um dia nos campos de tulipas de Lisse, na Holanda

“Amigos Viajam” – relato de Sofia Brandão Azevedo
sobre sua ida aos campos de tulipa de Lisse

A Sofia passou um dia em Lisse, na Holanda, lugar famoso pelos belos campos de tulipas. Ela estava em Amsterdam com as irmãs e foram de ônibus, saindo pela manhã e retornando no fim do dia. “Em Amsterdã compramos passagem de trem para Schiphol, o aeroporto, onde fomos até o Arrivals 4 e seguimos para o lado do aeroporto, onde tem uma saída lateral próxima a um Starbucks. É de lá que sai o ônibus 858, para Lisse”, explica.

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ônibus de Amsterdã para Lisse sai a cada 15 minutos e o percurso leva cerca de 40 minutos. Chegando lá, elas foram ao Keukenhof, principal parque de flores da cidade, que fica aberto somente durante a primavera e onde é possível ter um contato direto com jardins de diversas flores, os canteiros têm nomes e histórias.

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Tem ainda um um lago, árvores, restaurante, lanchonete, lojinhas e lugares peculiares, como um xadrez gigante e até uma fazendinha com porquinho e pavão. “O Keukenhof é simplesmente maravilhoso, e olha que nem fui no alto da primavera, algumas flores ainda estavam nascendo. Na entrada, quando fui, tinham holandesas receptivas e a caráter e também um musical mecânico que tocava o dia inteiro. E não compramos os ingressos no parque. Caso as pessoas não queiram enfrentar filas lá, podem comprar antes de ir em uma lojinha de turismo em frente à Centraal Station Amsterdam ou pela internet”, diz.

Mas o que elas queriam mesmo era passear nos campos de tulipas, que ficam de fora do parque. “Fomos até um local de aluguel de bicicletas, se não me engano eram 10 euros, nos forneciam um mapinha e podíamos ficar o tempo que quiséssemos. Holanda é plana e realmente maravilhosa, as paisagens que vi foram de tirar o fôlego. Tivemos muita sorte em ver campos floridos, pois ainda era início de primavera. Eu e minha irmã do meio chegamos a ir mais longe para ver o mar”. lembra. Para irem embora, pegaram o mesmo ônibus até o aeroporto e depois o trem.

Nessa crônica, publicada originalmente em seu blog Lua de Sofia (que é lindo e com textos superbacanas, passem lá para conhecerem!), ela fala sobre suas sensações ao fazer o passeio.

 

O dia que pedalei para sempre

Peguei o mapinha da ciclovia. Eram quilômetros e quilômetros. Sentei na bicicleta laranja e comecei a pedalar. Eu tinha um objetivo: encontrar os campos de tulipas e apreciar aquele “finito sem fim”. E só chegaria tão perto e mais rápido se eu fosse de bicicleta. A empolgação me movia. O caminho era lindo e plano, com longas árvores verdes que se juntavam e formavam uma grande sombra sobre o meu trajeto, e o vento soprava de leve em meu rosto. Pedalar nunca foi tão bom!

O primeiro campo não estava tão escondido, flores roxas, brancas e rosas . Fiquei maravilhada. Pensei que não poderia encontrar visão mais bonita que aquela. Mas olhando para o mapinha ainda havia muito chão pela frente. Aquele era só o começo, dali a algumas horinhas eu encontrei o segundo campo. Amarelas, vermelhas e laranjas, fiquei extasiada com aquele vasto campo de “clores”. Fez ainda mais sentido ter pedalado durante aquele tempo para ver algo tão belo. Admirei a minha conquista. Foi um pequeno desafio. Mas que desafio empolgante, sair à procura de flores. Poderia ser desafiada mil vezes assim.

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Meus olhos voltaram-se para o mapinha. Havia, em uma parte da ciclovia, um ponto em que poderia ver o mar. De repente este se tornou o desafio: encontrar o mar! E fui.

Enquanto eu avançava o caminho mudava. Ficou mais frio, as árvores já não eram tão verdes e acabei me encontrando em um lugar aparentemente desconhecido pela minha bagagem de lembranças e memórias. A ciclovia estava no meio de algo parecido com montanhas – não tão altas como as montanhas mineiras. Estava eu no asfalto ao meio, as pequenas montanhas ao meu lado direito e uma flora de aspecto serrado ao meu lado esquerdo. No começo desse novo trajeto não haviam mais ciclistas. Eu e a curiosidade.

Depois de um cruzamento comecei a me deparar com famílias, ciclistas profissionais e até idosos – atléticos por sinal. Eu seguia e as montanhas tornavam-se labirintos, eu via as pessoas entrarem e não tinha ideia de onde iam parar! Nas proximidades da ciclovia eu avistava cães e seus donos passearem, e adentravam. Casais que faziam piquenique  – mesmo não sendo em um parque gramado -, pessoas fazendo caminhada e entrando nas “montanhas”. Era um lugar totalmente diferente do que eu já tinha visto. Tinha muita neblina, mas as pessoas não pareciam difusas em seus semblantes. Elas pareciam felizes, no sossego e no silêncio. Comecei a sentir: era diferentemente prazeroso estar ali.

Me lembrei do mar! Na verdade nunca deixou de ser meu foco. Então entrei na suposta montanha. Estacionei a bicicleta em um cantinho, porque você acreditando ou não, eu tive que subir uma escadinha de madeira improvisada, para chegar até o topo. Cheguei com a esperança de avistar o mar dali de cima. Ele só poderia estar ali. Mas não avistei mar algum. Só mais neblina, pedras e areia branca, muita areia branca. Voltei para a minha bicicleta. Aonde estaria o mar? Não é tão fácil esconder um mar. Continuei o caminho. Eu tinha que achá-lo, se estava no mapa ele existia.

Até que cheguei em uma placa com indicações de uma “prainha”. As instruções eram meio confusas, mas era o único jeito. Apontava para cima, e o “para cima” era um morro de areia, que eu subi com minhas botas. Não pense que foi só um morro. Foram três morros íngremes de areia. Cheguei ao topo. Que neblina. Apertei os olhos. Era o mar. Respirei por alguns segundos: não era o que eu esperava. Pensei por alguns segundos: o que valeu foi o caminho. Vou pedalar assim pra sempre!

E eu tinha ainda o caminho inteiro para voltar. Mas encontrei um novo trajeto.

* Texto: Sofia Brandão Azevedo, do blog Lua de Sofia
   Fotos: Arquivo Pessoal

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