“Me orgulho das histórias que tenho para contar” – por Alessandra Dianin

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“Depois de me formar, me vi pela primeira vez de frente com a oportunidade de tirar férias de verdade (afinal quando você é estagiária nem férias você tem direito né). Escolhi ir para o sul do país. Todo mundo ia e falava tanto, eu queria ver com os meus olhos a beleza de lá.

Combinei tudo com a minha melhor amiga e parceira de balada na época. Iríamos para Florianópolis por algumas semanas. Mas, duas semanas antes de ir, ela veio me dizer que não poderia ficar o mês todo como havíamos combinado. Por um momento fiquei puta e perdida, afinal, íamos ficar na casa da prima dela.

Então eu tinha minhas sonhadas férias, no lugar que eu queria, mas estava com um buraco no meio dela… Bom, ela iria ficar para uma semana e eu resolvi continuar com o meu plano de viajar por um mês. Desci correndo na banca (sim, na época ainda fazíamos isso), comprei uma guia de viagem e comecei a planejar para onde eu iria. No fim, tudo isso foi muito importante porque depois dessa viagem que fiz praticamente sozinha, não queria viajar com mais ninguém. As amizades que fiz nos hosteis onde fiquei e o inesperado me encantaram.

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Nos anos seguintes já começava a planejar meu mês de férias com muita antecedência e só tinha certeza de uma coisa: eu não precisava sacrificar minhas férias fazendo programas que eu não queria, podia dormir mais cedo se quisesse e não precisava esperar ninguém ficar se arrumando por horas antes de sair enquanto o sol brilha lindo lá fora.

Quanto mais eu viajava sozinha, mais amigos eu fazia e mais lugares eu tinha para visitar. O engraçado é que esses amigos que você faz nessas viagens te entendem bem e respeitam quando você quer ou não quer fazer algo. Porque me irritava muito quando não queria fazer algo numa viagem e seus amigos ficavam insistindo para que fosse, ou tentando convencê-lo a não fazer.

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Para mim sempre foi muito simples dizer: “Eu não quero ir naquela praia hoje, vai você que eu vou pular de paraquedas ali e nos encontramos no fim do dia”. Mas se você diz isso parece o chato que não quer fazer o mesmo programa, quando na verdade os chatos são eles por insistirem e não te respeitarem, não respeitarem os seus desejos.

E foi assim, sem querer, que descobri que viajar sozinha era melhor para mim. Amo a ideia e, mesmo casada, faço isso até hoje. No verão passado meu marido foi viajar com a família e resolvi que ia fazer uma viagem sozinha para outro lugar que eu gostaria em vez de ir com eles.

Não me arrependo mesmo de todas as vezes que programei tudo e saí pelo mundo. Mesmo quando algo não sai como planejado, me divirto. E, acredite, nem sempre tudo dá certo, mas as pessoas fantásticas que encontrei no caminho, os romances, os lugares… Tudo teria sido tão diferente se eu não estivesse sozinha e tenho tanto orgulho das histórias que tenho para contar! Uma bem legal foi quando me mudei aqui para Europa. Segue um trecho que escrevi na época:

‘Nas minhas andanças sozinha já tive virada de ano em Jericoacoara com uma pitada de romance italiano, virada de ano na Nova Zelândia com romance alemão, virada em Natal com direito a banda tocando no meio de um castelo que foi construído para ser um hostel, virada de ano na Bahia com romance baiano arretado, virada em Porto de Galinhas que seria preciso outro post só para explicar como fui parar lá… Mas essa virada em Londres, talvez tenha sido a mais curiosa ou engraçada de todas.

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Antes de sair daqui de Dublin, postei na página de Londres do site Couchsurfing convidando para a virada com vista para a London Eye. É frio essa época, isso não é novidade pra ninguém, e muitos viajantes iriam preferir passar dentro de um pub quentinho, sem precisar se esmagar na multidão, passar frio. Mas eu não! E algumas pessoas começaram a responder que gostariam de ir também. Um morador sugeriu que nos encontrássemos num pub e que juntos fossemos para a ponte de Waterloo. Pessoas de vários lugares do mundo que estavam viajando e moradores de Londres que curtem a ideia do couchsurfing foram aderindo à ideia. No dia 31 mais de 30 pessoas haviam entrado em contato comigo.

Do pub fomos para a ponte caminhando, e eu na frente segurando um guarda chuva rosa no alto para que as pessoas não se perdessem na multidão (essa parte foi MUITO engraçada).  O povo todo foi aparecendo e, quando paramos para contar, já éramos mais de cem!!! Todo mundo vinha se apresentar para mim, perguntando se eu havia organizado o “evento” e agradeciam. Gente da Alemanha, Polônia, Peru, México, Índia, Israel e por aí vai. Conversei com todo mundo, ouvi histórias de todos os tipos, pessoas interessantes que resolveram seguir seus sonhos. Ali, eu só era mais uma, no meio de tantos que largaram tudo! Lembro dessa virada com muito carinho, pois você só fica sozinho quando quiser!’

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Espero que a minha história inspire você a olhar o mapa, escolher um lugar e abrir as asas sem pensar muito e apenas curtir o que vem de novo. Tenho certeza que não vai se arrepender e levará essa aventura no coração para sempre. As férias de verão estão chegando, abra as asas!”

Texto: Alessandra Dianin
Fotos: Arquivo Pessoal

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