“Sri Lanka e Vietnã, dezembro de 2015.
Sem pensar muito, vá. Vá e não se arrependa.
Qualquer contra que você possa imaginar em viajar sozinha não supera os prós de se encontrar e ser encontrada. Se jogar na sua própria aventura faz parte do início, meio e fim de uma experiência que ao mesmo tempo explode no mundo e cresce dentro de si.
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Se bastar é sobreviver.
Planeje, mas deixe que, pelos causos das circunstâncias, seja planejado.
Escolha o destino, mas deixe que ele te escolha e te leve aos mais inexplorados lugares.
Se permita, mas nunca desligue o radar da insegurança.
Confie, mas duvide.
Aprecie.
O texto poderia passar de 5.000 palavras só com as fantasias e momentos leves que passei viajando sozinha, mas como (quase) tudo nessa vida, escolhas implicam em renúncias. E há certas (muitas) renúncias que nós, mulheres, nascemos para fazê-las. São tão naturais e programadas que passamos conformadas.
Há lugares e lugares. Medos e medos.
Em 22 dias vagando sozinha pelo sudeste asiático, tudo podia acontecer e muito aconteceu. Momentos de felicidade plena, de descobertas, de medo e de aflição. O mundo é machista, cada canto com suas particularidades e barbáries.
Meus dias no Sri Lanka confirmaram que o desconhecido é interessante. Em um país com turismo pouquíssimo explorado, ver uma brasileira de 21 anos, 1,56m e sozinha era chocante. E, por isso, todo mundo queria olhar e achava que tinha o direito ou desejo de pegar. Oito dias em um país germinaram umas seis ou sete histórias de perseguição e abuso.
E, por outro lado, várias amizades, vários momentos de conexão com a natureza, várias paisagens de tirar o fôlego…
E vários momentos de independência, vários momentos de acordar-na-hora-que-eu-quiser, vários momentos de comer-o-que-eu-quiser-na-hora-que-eu-quiser e vários vários anjos pelo caminho. Anjos que passam e te salvam de alguma situação ou simplesmente passam e ouvem a sua história e contam as suas. Várias histórias. Várias.
Chegar ao Vietnã, um dos países mais turísticos do sudeste asiático, mudou bem o cenário. Vagar pelas ruas sozinha não era mais tão chocante assim. Rodar quase 2.000 quilômetros de ônibus, sozinha, à noite, não aparentava ser uma aventura para supercorajosas.
Os países mais turísticos nos dão uma ilusão de segurança nesse sentido sim, impossível negar. Mas também preciso admitir que foi com os menos turísticos que me senti mais viva, mais presente e onde mais aprendi e me senti pronta pra qualquer viagem em qualquer lugar do mundo. Às vezes, é só disso que precisamos.”
Texto: Ana Luisa Brito
Fotos: Arquivo Pessoal
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