O bate e volta de São Paulo a Paranapiacaba é uma viagem no tempo! Muita gente não sabe dessa opção de passeio, que pode ser feito de trem, saindo da capital paulista e chegando a uma vilazinha do século XIX em meio às montanhas, no alto da Serra do Mar.
Paranapiacaba é um distrito de Santo André, cidade do ABC Paulista, na região metropolitana. A vila foi construída para que os funcionários da ferrovia São Paulo Railway pudessem morar e, ainda hoje, tem muitas de suas construções preservadas. Um lugar pequeno, mas cheio de história.
Em uma viagem recente a São Paulo, tirei um dia para fazer o passeio, junto com a Fernanda, do blog Tá indo pra onde? Curti muito e compartilho algumas dicas aqui para quem quiser fazer também!
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Como ir de São Paulo a Paranapiacaba de trem
Existem várias formas de fazer o bate e volta de São Paulo a Paranapiacaba. A mais prática – e mais barata – é pegar o trem da Linha 10 (Turquesa). Ele passa em algumas estações de metrô como Luz e Brás em diversos horários ao longo de todo o dia. E o próprio bilhete do metrô, que custa R$ 4,40 (preço de novembro de 2022, sujeito a alterações) dá acesso ao trem.
Esse trem passa por alguns bairros, outros municípios, além de partes com muito verde, um cenário totalmente diferente saindo da parte urbana das cidades. O trajeto leva em torno de 1h. E ele tem a parada final na estação Rio Grande da Serra.
De Rio Grande da Serra é possível pegar um ônibus até Paranapiacaba. Os preços variam entre R$ 4 e R$ 7, dependendo da linha. Todos passam em pontos ao lado da estação. Outra opção é chamar um Uber, que custa em torno de R$ 15 – estando em duas ou mais pessoas, vale bem a pena. E foi o que fizemos.
Tanto o Uber como o ônibus para Paranapiacaba param na parte alta da cidade (o ponto de referência é o cemitério). Lá fica uma igreja e depois tem de descer e atravessar uma passarela até a vila, mas é tranquilo e faz parte do passeio também.
Trem turístico
Há ainda o trem turístico, um trem dos anos 1950 que faz o trajeto apenas aos sábados e domingos. É um passeio que talvez seja mais interessante, mas que também custa mais caro – R$ 50.
Ele sai às 8h30 da Estação da Luz e chega às 10h na Estação Alto da Serra em Paranapiacaba, já na parte baixa da cidade. Depois sai às 16h30 do mesmo local com chegada prevista para às 18h na Luz. E é preciso ficar de olho no site para ver quando liberam a venda dos bilhetes e fazer a compra antecipadamente.
Carro
Para quem quer ir de carro, a melhor opção é seguir pela Via Anchieta no sentido Riacho Grande até o Km 29 e depois pela SP-148 sentido Ribeirão Pires. O trajeto leva em torno de 1h30.
O que fazer em Paranapiacaba
– Igreja Bom Jesus de Paranapiacaba
Foi fundada em 1889 e é um ponto de referência na paisagem da vila. Fica na parte alta e logo ao lado tem um mirante com vista panorâmica. Já da parte baixa da cidade, a igreja também pode ser avistada.
– Ponte
A passarela metálica também é do fim do século XIX e foi construída para ligar a parte alta à parte baixa, passando sobre a linha férrea, possibilitando a travessia segura de pedestres. De lá se tem uma vista bonita e muita gente aproveita para tirar fotos.
– Torre do Relógio
Chamada de “Big Ben” de Paranapiacaba, tem um relógio que veio de Londres e, por sua altura, se destaca na paisagem. Mas não é possível entrar.
– Museu Ferroviário e Pátio Ferroviário
Onde está o Viradouro (também chamado Virador ou Girador), que era usado para alterar o sentido das locomotivas. Quando fui, estavam fechados, acho que abrem nos fins de semana.
Achei bem interessante que todos os lugares históricos são identificados com uma placa explicativa, mesmo aqueles que não são abertos à visitação, como o Clube Flor da Serra (que era um espaço de lazer e hoje é uma creche), ou que estão em ruínas, como o Silvestre Athletic Club. E também o Pau da Missa, um eucalipto onde eram deixados bilhetes, pois ficava no caminho entre as duas partes e se tornou um símbolo local.
Por isso, o melhor a fazer é andar pelas ruas, vendo as casinhas de madeira e identificando alguns desses lugares.
A região tem também trilhas e cachoeiras nos arredores, que podem ser bons passeios para quem vai passar o fim de semana ou ficar mais de um dia, ao invés de fazer somente um bate e volta de São Paulo a Paranapiacaba. Há algumas opções de hospedagem:
Outros dois lugares bem interessantes para conhecer em Paranapiacaba
– Centro de Documentação em Arquitetura e Urbanismo (CDARQ)
É aberto à visitação gratuita e tem um acervo com maquetes (com detalhes internos) que mostram os sistemas de construção usados pelos ingleses para projetar as casas da vila – elas são feitas de madeira, chegavam pré-fabricadas da Inglaterra e eram montadas no local.
Além disso, tem linha do tempo e informações sobre a arquitetura e o planejamento urbano.
– Museu Castelo
Também conhecido como Castelinho de Paranapiacaba, funciona na casa originalmente construída para ser a residência do engenheiro-chefe da estação, no século XIX, e segue o padrão arquitetônico da época, mas é bem maior. Uma típica mansão victoriana, como foi definida pelo historiador Eduardo Pin.
O Castelinho está localizado no alto – que na época era uma estratégia para que pudesse ter uma visibilidade de toda a vila e das locomotivas.
Ao longo dos anos passou por diversas reformas, mas ainda mantém seu estilo original, com dois pavimentos, quartos, cozinha, banheiro e lareiras. Os cômodos foram mobiliados de forma a remontar ao que eram no passado.
A entrada custa R$10 e achei que valeu muito a pena, pois é uma visita guiada. Quem nos acompanhou foi o Jeferson, que contou toda a história da casa e da vila, o que deixou o passeio muito melhor.
Em uma sala com itens relacionados ao futebol, descobri que Paranapiacaba teve o primeiro campo com medidas oficiais em toda a América Latina! Isso porque Charles Muller, o inglês que trouxe o futebol para o Brasil, era na verdade filho de um dos ingleses trabalhadores da ferrovia e foi para a Inglaterra estudar.
O museu funciona de terça a sexta com agendamento pelo telefone (11) 4439-027 (nós não agendamos, chegamos e o guia estava lá) e nos fins de semana e feriados de 10 às 16h.
Onde comer em Paranapiacaba
Muitos restaurantes de Paranapiacaba abrem apenas nos fins de semana, que é quando há um número maior de visitantes. Dos que estavam abertos quando fui, o esquema era mais ou menos padrão, com self-service à vontade e preços que variam entre R$ 25 e R$ 35.
E um dos sabores típicos da região é a fruta Cambuci. Eu não conhecia, acho que nunca tinha ouvido falar. Eles usam para fazer cachaças, sorvetes, geleias e muitos outros produtos. Eu experimentei o picolé.
Como me disseram que o sabor era mais azedinho, escolhi o de cambuci com leite condensado, achei que ficou uma combinação legal.
Uma curiosidade é que o cambuci é tombado como Patrimônio Cultural Imaterial de Paranapiacaba.
Como é um lugar pequeno, com poucas ruas, é fácil encontrar os estabelecimentos ou pedir informações.
Mais dicas para fazer um bate e volta de SP a Paranapiacaba
- – Ir durante a semana é mais tranquilo, já que nos fins de semana, por causa do trem turístico, a cidade fica bem cheia.
- – Por outro lado, o baixo movimento na semana faz com que muitos estabelecimentos não abram, ficando pouca variedade para comer, por exemplo.
- – O tênis (preferencialmente bem confortável) é o calçado ideal para andar por Paranapiacaba.
- – Logo ao chegar à parte baixa da cidade, passe no Centro de Turismo, onde é possível pegar mapas, folders e pedir informações.
- – Por estar localizada em meio à serra, Paranapiacaba tem um clima mais friozinho e é comum haver bastante neblina.
- – Fazer a visita guiada no Museu é imperdível, pois ajuda a entender mais sobre a história da região.
Qual a melhor época para ir a Paranapiacaba?
Os meses de janeiro e julho, por serem períodos de férias escolares, são os mais cheios. Portanto, se a ideia é pegar a cidade mais tranquila, o melhor é fazer o passeio fora dessas datas e preferencialmente durante a semana.
Em julho o movimento é ainda maior, pois é quando acontece o tradicional Festival de Inverno de Paranapiacaba, com muitos shows, oficinas culturais, feira de artesanato, apresentações de dança, exposições, entre outros atrativos.
Outro evento muito conhecido na região é o Festival do Cambuci, sempre no mês de abril, com pratos que têm o fruto como base, além de programação cultural.
E em maio é a vez da Convenção de Bruxas e Magos de Paranapiacaba, quando acontecem palestras, rituais, aulas e exposições diversas, voltadas para o esoterismo, inclusive com muitas pessoas usando roupas típicas pelas ruas, o que dá um clima ainda mais místico para a vila.
Mas, seja qual for a época, eu acho que vale a pena fazer o bate e volta de São Paulo a Paranapiacaba. Um passeio diferente, um lugar histórico, tranquilo, ótima opção para quem mora na capital ou mesmo para quem está a passeio e quer fazer um programa para escapar por algumas horas da correria da cidade.
São Paulo/ Paranapiacaba ótima opção. Cidade interessante, com sua história e beleza.
Que destino lindo. Nunca tinha ouvido falar, mas Paranapiacaba é o tipo de lugar que amo passear. Amei saber sobre o bate e volta de São Paulo a Paranapiacaba.
Essas dicas de bate e volta são sempre super válidas. Estive em paranapiacaba faz muitos anos e eu adorei.
Que legal, essa dica, Mariana! Acho adoraria fazer esse bate e volta de trem, ver esse museu com essas maquetes, andar pela cidade… tipo de programa que eu curto.
Adoro dicas de bate e volta, são sempre uma ótima opção para conhecer novos destinos.
Já anotei a sua aqui. Obrigada por compartilhar
Moro em São Paulo, já ouvi falar de Paranapiacaba, hoje fiquei com vontade de conhecer, mês de maio onde li q tem as convenções das bruxas, uauuu vou adorar
Amei seus comentários, ja amo Paranapiacaba, fui há muitos anos acampar, hj pretendo levar minha família e curtir muito. Grata
Sou de São Paulo, já fui em Paranapiacaba e gostei muito, com casas mantendo o padrão da época, boa gastronomia, fiquei fascinado com a beleza da cidade, super recomendo ir e conhecer, e provem o Cambuci que delicia.