De olhos fechados eu naveguei pelas águas do Rio Negro e depois pelo Rio Cuieiras, junto com outros viajantes, indo de Manaus em direção à comunidade indígena de Nova Esperança, Unidade de Conservação localizada na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Puranga Conquista.
Logo no desembarque, nosso grupo foi recepcionado pelo Joarlisson Garrido, da etnia Baré e líder do grupo de turismo de base comunitária e de artesãos da comunidade. Ele fez uma breve apresentação sobre os aspectos históricos e socioculturais locais. E, na sequência, participamos de diferentes atividades cotidianas das famílias locais, conhecendo um pouco da cultura e do estilo de vida.
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Nossa imersão começou com um ritual de proteção realizado pelo Baixinho (Pajé Aldovar). Depois, Lianária nos apresentou a linda biblioteca (Uka) – eles têm também uma escola. E Francisco falou sobre o artesanato que é feito com madeiras reaproveitadas, fibras e sementes e vendido pela internet.
Com Leidiane aprendemos alguns grafismos e seus significados. Chegamos até a fazer nossos próprios desenhos. Rosemeire contou sobre o incrível projeto de monitoramento de quelônios – uma espécie de tartaruga da região. E dona Hugulina mostrou um pouco da culinária Baré preparando uma saborosa Pupeka (peixe assado enrolado na folha de bananeira).
Vivi uma manhã de experiências transformadoras na Amazônia! Mas eu não estava no meio da floresta. Estava em casa, sentada em uma cadeira em frente à tela do computador. Uma viagem virtual!
Como é o tour virtual “Conexão Baré”
Nas Áreas Protegidas (unidades de conservação e terras indígenas) as atividades turísticas vinham surgindo como uma estratégia para promover maior apoio à conservação. E, com a pandemia e a impossibilidade das visitas, toda a cadeia associada ao turismo foi comprometida – incluindo, é claro, a geração de renda.
Para a Comunidade Nova Esperança, que recebia visitantes nacionais e internacionais, a solução encontrada foram as visitas virtuais. Em uma parceria com a agência de turismo Braziliando surgiram as viagens online. A convite da agência tive a oportunidade de participar de uma dessas viagens junto com um grupo de jornalistas.
Por meio de uma plataforma de videoconferência, entramos em contato ao vivo com os indígenas, conhecemos todos os espaços da comunidade, interagimos e aprendemos muito. Era como se de fato estivéssemos lá!
Além disso, antes mesmo da viagem acontecer, todos recebemos materiais de imersão da cultura local, como músicas, um dicionário com algumas palavras em Nheengatu, receita típica, para que já fôssemos nos preparando e entrando no clima.
Uma das vantagens deste novo formato é as visitas podem se estender a um número maior de turistas, não só do Brasil como de outros países, além de instituições de ensino. Foi uma forma de se reinventarem neste momento que exigiu e ainda vem exigindo tanta resiliência. As novas datas são sempre divulgadas no instagram da Braziliando – e os interessados podem já preencher um formulário de interesse para serem avisados.
Gravamos um episódio do podcast Além do Olhar sobre
Turismo de Base Comunitária e o Conexão Baré. Ouça aqui:
Antes da viagem começar, pediram que cada um descrevesse em uma palavra o que esperava. Eu escrevi “aprendizado”. E foi realmente isso! Uma oportunidade única de poder vivenciar experiências locais e aprender com os Baré de Nova Esperança!
A Luísa, do blog Janelas Abertas, fez o passeio presencial, leia aqui:
Viagem para a Amazônia – vivência numa comunidade indígena
Foto principal: Nathália Segato / Divulgação Conexão Baré
(Sem sair de casa) “Vivi uma manhã de experiências transformadoras na Amazônia!” Que delícia ler isso, Mariana!
Um viva à tecnologia da comunicação que nos permite conexão, trocas e aprendizados que nos transformam.
Tereza, é muito bom ver como a tecnologia pode nos transportar a tantos lugares mesmo estando em casa. Foi um passeio realmente lindo!
Acho que uma visita virtual nunca vai se equiparar a uma visita de fato, mas é muito bacana ter essas opções virtuais – todos saem ganhando: o visitante, que tem a chance de conhecer e interagir com a comunidade a um preço bem mais em conta; e a comunidade, que consegue manter alguma renda. Adoraria conhecer a realidade de uma comunidade indígena na Amazônia e essa parece uma ótima maneira de fazer isso!
Verdade, Cintia, é uma experiência positiva para todas as partes. Agora é esperar tudo se normalizar para sair do virtual e conhecer de perto!
Apesar da visita virtual não ser igual o ao vivo e em cores, acho uma iniciativa maravilhosa. Estamos tão longe da Amazônia, temos tanto para conhecer ainda que não há dúvidas que toda forma de disseminar esse conhecimento e com ele promover a conservação e o afeto são divinas!
Com certeza, Bruna! Ainda quero viver tudo isso pessoalmente, mas enquanto não dá, o virtual já ajuda muito!
Muito maneira essa experiência de viagem virtual numa comunidade indígena! Acho que dá uma vontade ainda maior de fazer a viagem em carne e osso né? Adorei!
Que interessante a viagem virtual para a comunidade indígena na Amazônia. O turismo comunitário Baré conseguiu se abrir para o mundo mantendo sua essência. Uma oportunidade de aprendermos sobre a cultural local e ajudar a comunidade sem sair de casa. Amei a dica!