Esse texto não é uma retrospectiva 2018 no estilo tradicional, até porque foi mais para “Mariana Não Viaja”. Mas queria falar um pouco dos acontecimentos desse ano que se encerra e dos ensinamentos que isso trouxe. Entre momentos fechados e tenebrosos e outros iluminados e quentes, observei algumas coisas nos comportamentos dos outros em relação a mim, que me incomodaram e me fizeram pensar. Certamente são coisas que, sem perceber, eu também faço. Então tive essas reflexões, que se tornaram também autorreflexões e que acho que podem valer para todos nós.
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Valorize o trabalho e o esforço, não só os resultados
A primeira situação foi minha participação no programa Encontro com Fátima Bernardes para falar sobre viajar sozinha. O alcance foi ótimo e trouxe muita gente nova para o blog. Fora do blog, na minha vida e nas minhas redes pessoais, também foi muita, mas muita gente (muitas que mal conheço) que apareceu para parabenizar – o que é bom, cada comentário que recebi me fez bem, independente de quem seja. Mas muitas delas (a maioria, talvez) nunca leram um texto meu, nem sabem ao certo onde escrevo ou sobre o que, ou até sabem que viajo sozinha e acham uma loucura. É curioso ver como as pessoas enaltecem seu sucesso, mas não valorizam seu trabalho, sua caminhada. Não apoiam quando você está ralando, quando está divulgando o que fez, o que pra mim é muito mais importante, mas quando as coisas dão certo nossaaaa que incrível você é. Até entendo, juro que entendo. Mas sinto…
Amigos de verdade ficam felizes por você e junto com você
O programa me mostrou também que nem todo mundo está preparado para lidar com o sucesso do outro. Estou usando o termo “sucesso”, mas assim, né… grandes coisas. É só no sentido de ter aparecido na TV mesmo. Foram poucas as pessoas próximas que não se manifestaram – e sim, eu esperava pelo menos um joinha. Fico triste porque acho que uma das principais características de amizades é saber ficar feliz com a felicidade do outro. Sempre digo que nas horas ruins a gente conhece quem é solidário, mas nas horas boas é que a gente vê quem é amigo de verdade. Nem estou falando de “invejinha”, não, mas de alguma coisa que faz com que o outro não consiga ser feliz por você ou junto com você. E me dou o direito de, a partir de situações como essa, escolher de quem eu quero me manter ou não próxima, por mais que seja dolorido.
Procure as pessoas em vida, não espere a morte estar próxima
Outro fato desse ano é que meu pai teve um problema de saúde, precisou passar por uma cirurgia bem séria (quatro pontes de safena), além de outras coisas que fizeram com que ficássemos praticamente dois meses no hospital, mas ficou tudo bem. Foram muitas visitas de amigos e conhecidos, muito apoio, além do apoio de amigos meus e da minha irmã que nem o conhecem, mas nos davam força. Só que uma coisa que observei foi que pessoas que no dia a dia não são próximas dele (e ok não serem), quando numa iminência de morte ficaram loucas querendo visitar – falo especificamente do período que antecedeu a cirurgia, já que poderia ser um “ponto final”. Por que isso? Não sei se é para tranquilizar a consciência, se para se livrar de alguma culpa, ou talvez até seja um sentimento legítimo mesmo. Mas fiquei pensando e realmente não consigo ver sentido em alguém que nunca foi à sua casa ir a um hospital te ver!
Não se distancie de quem você gosta
E depois disso tudo eu saí do Rio e vim para o Espírito Santo. No processo, percebi que muita gente de quem já fui próxima um dia, tinha ficado distante. E tudo bem também, faz parte, embora é claro que magoe (mas passa). Aí na hora da mudança parecia que era eu quem estava me distanciando, quando na verdade já não existia mais contato há tempos, tipo “como assim, a gente nem vai se ver, a gente nem falou sobre isso”… Só que gente já não se via! A gente já não se falava! Nem digo encontro presencial, sei que a vida engole mesmo, mas sim mandar mensagem, fazer/aceitar um convite, ou pelo menos dizer que gostaria, sei lá, qualquer coisa que demonstre interesse, que mostre que você está ali e que se importa. Uma hora essa falta de reciprocidade cansa. Então não espere uma despedida para se tocar que andava sumido, a menos que você queira mesmo se afastar. Quanto aos meus amigos, eles continuam e continuarão amigos, isso não tem a ver com estar fisicamente perto.
Se aproxime de pessoas que têm os mesmos valores
E para fechar o ano teve o período eleitoral, com toda a polarização e os afastamentos gerados, não pelo voto, que é escolha individual e democrática, mas porque parece que o momento acabou sendo propício para que algumas pessoas deixassem vir à tona seu lado mais preconceituoso e intolerante. Características que muitos já tinham, mas que até então não conhecíamos. Aí não tem como querer mais contato. Não tem a ver com opinião, tipo gostar de outra cor ou de outro sabor de sorvete, porque essas diferenças são supersaudáveis e necessárias. Mas sim com valores, com coisas que não dá para relativizar. Tudo isso, também, me aproximou de pessoas incríveis e isso pra mim foi o mais legal. Novos grupos que se formaram, novas conversas que surgiram… Ficou o aprendizado de ter mais atenção a quem tem afinidades reais com a gente. Se unir com essas pessoas. Segurar a mão. E não soltar.
Aprendizados para o novo…
Passado tudo isso, meu desejo é que a gente se cuide e se priorize, mas que pense coletivo, enxergue mais uns aos outros, saiba ouvir mais e criticar menos. Que a empatia e o respeito, tão em falta, se façam presentes. Que os acontecimentos passados sirvam de lição e que a gente lute para que não se repitam. Viver o hoje, não deixar a vida escapar pelos dedos, não esperar para só reconhecer no sucesso, na morte, na mudança ou na distância. Que cada um de nós seja a melhor pessoa que puder ser e que cada um aja sempre da melhor maneira que puder agir! Feliz 2019!
Para ler ouvindo:
* Foto: Pixabay