10 mulheres brasileiras que fizeram história nas Olimpíadas

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Quem são as mulheres brasileiras que fizeram história nas Olimpíadas? Com a chegada das Olimpíadas de Tóquio 2021, que será disputadas entre os meses de julho e agosto, li que as mulheres representarão, pela primeira vez, quase a metade dos atletas. Serão aproximadamente 48%. E fiquei pensando em como foram as participações ao longo dos anos…

Na primeira edição dos Jogos Olímpicos, em 1896, em Atenas, na Grécia, somente homens podiam participar. Foi a partir da segunda edição, em 1900, em Paris, na França, que as mulheres passaram a ser aceitas. O número ainda era muito pequeno, representando apenas 2% do total de competidores. Mas já era uma conquista se pensarmos na sociedade da época. Nesta mesma edição, a tenista britânica Charlotte Cooper ganhou uma medalha de ouro, se tornando a primeira mulher a subir em um pódio nas Olimpíadas.

A participação feminina em geral foi crescendo de forma lenta. E o Brasil demorou ainda alguns anos para que as mulheres começassem a participar. Aos poucos, fomos consolidando algumas conquistas e tendo alguns nomes marcados na competição. Conheça 10 atletas que entraram para a história!

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Mulheres brasileiras na história das Olimpíadas

Maria Lenk

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Foto: Reprodução / Instagram @arquivonacionalbrasil

Desde a permissão para que mulheres disputassem as Olimpíadas até a primeira participação de uma brasileira na competição, se passaram ainda três décadas. A nadadora Maria Lenk foi a primeira brasileira a participar dos Jogos, em Los Angeles, em 1932. Ela tinha apenas 17 anos. Foi a única mulher em uma delegação de mais de 40 homens. Embora não tenha ganhado medalha, entrou para a história!

Formada em Educação Física na Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, ela encerrou a carreira profissional aos 27 anos, quando ajudou a fundar a Escola Nacional de Educação Física da Universidade do Brasil, no Rio de Janeiro.

E nunca deixou de competir. No ano 2000 conquistou cinco medalhas ao participar do no Mundial de Natação na categoria 85/90 anos. E recebeu a Ordem Olímpica, concedida pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) aos maiores atletas de todos os tempos.

Em 2007 foi homenageada dando nome ao Complexo Aquático Maria Lenk, no Rio de Janeiro. Faleceu no mesmo ano, aos 92 anos, depois de ter uma parada cardíaca dentro de uma piscina.

Aída dos Santos

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Foto: Brazilian National Archives, Public domain, via Wikimedia Commons

Anos depois, em 1964, a atleta do salto em altura foi a primeira brasileira a disputar uma final, nas Olimpíadas de Tóquio. Ela também era a única mulher da delegação do Brasil, em plena ditadura militar. Sem apoio nenhum e nem uniforme, precisou adaptar um traje de outra competição.

Aída ficou em 4º lugar e não subiu ao pódio. Mas este seguiu sendo o melhor resultado feminino do Brasil em Olimpíadas por mais de 30 anos. Nas Olimpíadas do México, quatro anos depois, ela participou novamente, mas não conseguiu uma boa colocação.

Formou-se em Geografia, Pedagogia e Educação Física – estudando de manhã, trabalhando à tarde e treinando à noite. Chegou a atuar como professora de Ed. Física na Universidade Federal Fluminense (UFF). Em 2009 foi homenageada pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) com uma premiação especial, o Diploma Mundial Mulher e Esporte.

Aída tem hoje 84 anos. Ela é mãe da jogadora de vôlei Valeskinha, que conquistou medalha de ouro nas Olimpíadas de Pequim em 2008.

Jacqueline, Sandra, Mônica e Adriana

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Foto: Reprodução / Instagram @adriana.samuel

A primeira medalha feminina do Brasil ainda demorou muito tempo para ser conquistada. E foi, na verdade, um combo de ouro e prata. A final do vôlei de praia nas Olimpíadas de Atenas, em 1996, foi disputada por duas duplas brasileiras. Jacqueline Silva e Sandra Pires conquistaram o ouro. Adriana Samuel e Mônica Rodrigues ficaram com a prata. Um momento histórico para as mulheres!

Na volta ao Brasil, as quatro desfilaram em um carro aberto pelas ruas do Rio de Janeiro. E foram reverenciadas pela população que compareceu em peso. Antes isso só acontecia nas conquistas de jogadores de futebol.

Jacqueline, que era atleta do vôlei de quadra, era a mais experiente. Ela já tinha participado de duas Olimpíadas com a Seleção Brasileira: Moscou 1980 e Los Angeles 1984. Em 1993, já na praia, convidou Sandra para formarem uma dupla e passaram a treinar nos Estados Unidos.

Depois Sandra e Adriana formaram uma nova dupla, que conquistou o bronze em Sidney 2000. Nesta mesma edição, Sandra foi também a a primeira mulher a ser porta-bandeira da delegação brasileira em Jogos Olímpicos.

Atualmente Jackie tem um projeto social para jovens, é técnica de equipes de alto nível e palestrante. Sandra é Embaixadora do Esporte do Banco do Brasil, palestrante e comentarista de vôlei na televisão. Adriana tem projetos sociais de inclusão através do esporte. E Mônica é coordenadora técnica das seleções de base do vôlei de praia na Confederação Brasileira de Vôlei (CBV).

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Ketleyn Quadros e Maurren Maggi

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Foto: Reprodução / Instagram @ketleynquadros @maurrenmaggi

Já a primeira medalha feminina brasileira em uma modalidade individual só veio nas Olimpíadas de Pequim, em 2008, com a judoca Ketleyn Quadros, que ganhou o bronze. Na mesma edição dos jogos, Maurren Maggi, do salto em altura, conquistou a primeira medalha de ouro feminina em esportes individuais para o Brasil.

Ketleyn tem uma trajetória marcada por dificuldades financeiras desde que começou no esporte, ainda criança. Natural do Distrito Federal, contou com a ajuda de amigos para conseguir ir treinar em Belo Horizonte, onde conciliava o esporte com a faculdade de Educação Física. Hoje, aos 33 anos e ainda na ativa, irá disputar as Olimpíadas de Tóquio, depois de ficar fora de outras duas edições dos jogos (2012 e 2016).

Maurren encerrou em 2015 uma carreira vitoriosa. Foi recordista brasileira e sul-americana do salto em distância, venceu diversas outras competições, chegou a ser por duas vezes a número 1 do ranking mundial da modalidade e recebeu, também por duas vezes, o prêmio Atleta do Ano concedido pelo COB (Comitê Olímpico Brasileiro). Em 2016 foi uma das convidadas especiais na Cerimônia de Abertura das Olimpíadas do Rio.

Cristiane

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Foto: Reprodução / Instagram @crisrozeira

O futebol feminino só se tornou uma modalidade olímpica em 1996, em Atlanta, mas também tem sua representante na lista de mulheres brasileiras que fizeram história nas Olimpíadas. A seleção brasileira participou de todas as edições desde então e sempre com boas colocações: foram duas medalhas de prata (Atenas 2004 e Pequim 2008) e três vezes em quarto lugar (Atlanta 1996, Sidney 2000 e Rio 2016).

E a maior artilheira do futebol feminino da história dos Jogos Olímpicos é a brasileira Cristiane, que conquistou o recorde em 2012, em Londres. Depois, nas Olimpíadas do Rio 2016, ela chegou a um recorde ainda maior, se tornando a maior artilheira do futebol em jogos olímpicos, independente de gênero, com 15 gols marcados.

Cristiane começou em pequenos clubes de São Paulo. Ao longo da carreira já atuou na Alemanha (Turbine Potsdam e no Wolfsburg), Estados Unidos (Chicago Red Stars), Rússia (WFC Rossiyanka), França (Paris Saint Germain) e China (Changchun Dazhong Zhuoyue). No Brasil, passou pelo São Paulo, Corinthians, e atualmente está no Santos.

Em 2007 e 2008 ficou em terceiro lugar na disputa de melhor jogadora do mundo da FIFA (anos em que a também brasileira Marta foi a vencedora). Ela não foi convocada para disputar as Olimpíadas de Tóquio, mas irá atuar como comentarista das partidas pela Rede Globo.

Fofão

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Foto: Reprodução / Instagram @fofaosete

Hélia Souza, a Fofão, do vôlei, é a esportista que mais trouxe medalhas para o nosso país. Na lista dos 15 atletas brasileiros com três ou mais medalhas olímpicas, ela é a única mulher, com duas de bronze (conquistadas em Atlanta 1996 e Sidney 2000) e uma de ouro (nas Olimpíadas de Pequim 2008).

O currículo de Fofão tem inúmeras conquistas, tanto com a seleção (pela qual jogou por 17 anos) como nos clubes pelos quais atuou no Brasil e no exterior, em países como Espanha, Itália e Turquia. É a única jogadora de vôlei a disputar cinco edições dos Jogos Olímpicos.

Parou de jogar profissionalmente em 2015, aos 45 anos, com uma partida festiva que reuniu diferentes gerações do vôlei brasileiro. Em 2016 entrou para o Hall da Fama do Vôlei, nos Estados Unidos. Em 2018 lançou uma biografia, “Toque de Gênio”, e um documentário, “Brilhante”, sobre sua vida e sua carreira vitoriosa. E em março de 2021 foi anunciada pela Confederação Brasileira de Voleibol (CBV) como coordenadora técnica da seleção feminina.

É claro que há muitas outras mulheres brasileiras que fizeram história nas Olimpíadas, em diferentes modalidades, por diferentes motivos. Me arrisco a dizer que toda mulher no esporte, conseguindo chegar a uma competição tão importante, já está marcando seu nome na história. Cada uma em sua época e a seu modo rompeu barreiras.

Equidade de gênero nas Olimpíadas

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Foto: Sam from Vancouver, Canada, CC BY 2.0, via Wikimedia Commons

O Comitê Olímpico Internacional (COI) vem flexibilizando algumas regras para promover a equidade de gênero entre atletas. Segundo o site Olimpíada Todo Dia, o Comitê Organizador de Tóquio 2020 aumentou o número de mulheres na diretoria executiva, chegando a 42%. E também criou uma equipe de promoção da igualdade de gênero para promover algumas iniciativas voltadas para a inclusão durante os Jogos.

Uma das mudanças é que estão aumentando o número de provas femininas e diminuído o de masculinas em alguns esportes. Outra novidade é que passaram a permitir uma dupla de porta-bandeiras na abertura, com o objetivo de incentivar que haja sempre uma mulher e um homem. O COI também está trabalhando com as confederações internacionais de cada país participante para permitir vagas adicionais aos que não classificaram pelo menos um homem e uma mulher para o evento.

Nas Olimpíadas de Tóquio, segundo informações do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), nossa delegação tem um total de 301 atletas. São 161 homens e 140 mulheres (46%). Esses números já foram melhores: em Atenas 2004 as mulheres representaram 49% da nossa delegação.

Pode parecer um passo para trás (até porque estamos em um momento complexo em diversas esferas). Mas acho importante também olhar em retrospecto, celebrar os avanços e torcer para que cada vez mais mulheres brasileiras (e estrangeiras também) façam história nas Olimpíadas!

 

 

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