Sete dias de calor e descobertas em Cuba

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Ou: Jesus, me Habana!

La Habana, Cuba, Maio de 2013. Ou, ano 55 de la revolución. É assim que o “comandante em jefe” Fidel Castro marca o tempo na ilha, como se uma nova era tivesse começado (e não começou?) em 1959, quando ele se instalou no poder.

Cuba era uma ideia antiga. Foi o livro da Yohani Sanches, “De Cuba com carinho”, que há alguns anos despertou em mim a vontade de conhecer o país. Uma viagem turística sim, mas, muito mais do que isso, uma viagem histórica, jornalística. Conhecer os lugares, mas acima de tudo conhecer o estilo de vida dos cubanos com Fidel ainda vivo e no poder (apesar de que, em tese, já é Raul quem governa o país hoje), porque possivelmente depois da morte dele muita coisa pode mudar.

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Essa foi minha primeira viagem sozinha. Tive como companheiro o livro “O velho e o mar”, de Ernest Hemingway, que morou em Havana durante um período (há diversos lugares por lá que fazem referência a ele, como “bar favorito de Hemingway”) e foi lá que escreveu esse livro, cuja história (que eu amei) se passa nos mares de Cuba.

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Primeiras impressões

Difícil dizer a impressão que se tem de cara. Eu só observava e pensava que ainda teria muito para descobrir. O primeiro ponto que tenho que destacar é em relação aos pré-conceitos que moram dentro da gente, mas que a gente insiste em dizer que não tem. Por onde se olha, o nosso pré-conceito bate. As pessoas, seus trajes, seus modos, as comidas, bebidas, as ruas, construções. A cidade é mesmo uma viagem no tempo.

Não vou dizer que fiquei surpresa com o que encontrei, porque com tantas pesquisas já sabia mais ou menos. A questão é que saber algo não é a mesma coisa que vivenciar. Saber que o país possui em sua grande maioria carros antiquíssimos não é a mesma coisa que chegar no aeroporto e ver que o carro do taxista que foi te buscar é de 1938!

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Bancas de jornal, apenas umas duas ou três em toda a cidade, com uns três ou quatro jornais diários, todos eles do governo. Tamanho pequeno, poucas páginas, em preto e branco. São também do governo os cinco canais de televisão. Na programação, muita política, não só cubana, mas também dos países latinos, incluindo o Brasil, canais musicais (música latina, especialmente mexicana), programas esportivos e uma das grandes paixões dos cubanos: as novelas brasileiras. Mulheres, homens, jovens, velhos, todo mundo assiste e adora!

Saber que Internet é coisa rara por lá chega a ser engraçado. Mas viver sete dias sem Internet é quase desesperador. Por ficar fora das notícias e especialmente por estar sozinha e não ter ali, tão perto, os amigos distantes, para conversar, contar e saber todos os acontecimentos. Para não deixar minha família sem notícias, acessava em dias alternados no Hotel Parque Central, onde por 5 CUCs (o equivalente a 5 dólares) era possível se conectar por meia hora. Internet discada e leeeenta, dava tempo só mesmo de mandar um email.

E o comércio? Um mesmo lugar vende roupas, utensílios domésticos, itens de higiene… Consumir não é um hábito, um prazer, como é para nós, e sim algo que se faz por necessidade, apenas. O shopping de lá é simplesmente um local que concentra algumas lojas melhores, mas não é um centro de lazer como no Brasil, não é um espaço bonito, não tem atrativos, não existe uma vitrine que te faça querer parar para olhar.

Vida em Cuba

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No geral, a vida de todo mundo é bem parecida. Os salários são baixos e meio padronizados, não importa se é um médico, advogado, jardineiro ou garçom, já que todos são igualmente funcionários do governo.

Os trabalhos “por fora” (usar carro como táxi, alugar quartos nas casas, vender lanches nas sacadas) garante uma renda extra, mas o governo marca em cima e, se notar que alguém está subindo muito de vida, vai logo fiscalizar pra saber o que está acontecendo, se não é algo ilegal. Controle total sobre a população.

São felizes, sim, mas estão enclausurados, dominados. E sabem disso. Parecem conformados. Mas têm respeito! Reconhecem coisas positivas feitas por Fidel. Têm orgulho do país, da educação, da saúde, da segurança… Lamentam os baixos salários e a falta de novas possibilidades, a falta de abertura e, principalmente, a falta de informação.

Praia de Havana

As Playas del Este, que na verdade é uma só, ficam cuba-praiafora do perímetro urbano, logo depois de cruzar um túnel. Águas cristalinas, mar caribeño (chora, Rio de Janeiro!), mas sem infraestrutura.

E há o mar em toda a orla da cidade, porém impróprio pra banho, cercado por uma muretinha e com um calçadão, o famoso Malecón, onde pessoas se reúnem para momentos de lazer e onde o pôr do sol, lá da foto de cima, é dos mais lindos que já vi. O turismo inclui também muitos museus e locais históricos.

Com o tempo fui conhecendo melhor, entendendo melhor, me adaptando àquele lugar. Os carros antigos, dos quais antes eu achava graça, se tornaram algo natural, bem como as roupas coloridas e justas, as unhas imensas e decoradas, as músicas sempre altas, as danças ‘calientes’ e animadas…

Os cubanos são simpáticos, adoram conversar e adoram brasileiros! Porém (ah, porém), sempre te pedem algo em troca, seja moeda ou algum item de alimentação ou higiene. Depois fui abrindo a guarda e, quando o chamado era de algum casal ou mais de uma pessoa, eu conversava. Até porque, conhecer o povo de lá era o que eu mais queria na viagem. E nada melhor que conversar com os próprios para saber mais sobre a vida deles. Três histórias me marcaram, mas contarei depois para não deixar esse post longo demais (alguém continuou lendo até aqui? Obrigada e volte sempre!) Mais sobre Cuba aqui.

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